Depois de atender um pedido do governador Paulo Câmara para manter o emprego dos motoristas e cobradores, usando a MP do governo Bolsonaro, os empresários de ônibus da Região Metropolitana do Recife estão em um impasse com a representação dos trabalhadores.

As negociações são intermediadas pelo Governo do Estado e o Ministério Público do Trabalho.

Nesta terça-feira, uma nova rodada de negociações deve se desenrolar, mas não há garantia de acordo.

O sindicato diz que, desde sábado, os empresários vem apresentando uma proposta muito dura para manter os empregos. “Além de escolherem a opção mais rebaixada entre as que a MP 936 oferece, que significa uma redução de 70% na jornada de trabalho da categoria e uma queda de 40% no salário do motorista por 03 meses (a proposta para o cobrador representa uma redução salarial de 3%), a patronal também quer que este acordo fique valendo por mais 03 meses depois de passada a pandemia.

Ou seja, quer que a redução salarial fique valendo mesmo após a MP perder a validade ou a vida e a jornada de trabalho voltarem ao normal”, informa o sindicato dos trabalhadores.

Nesta terça-feira (06), o Sindicato irá apresentar uma contraproposta para as empresas.

De acordo com os trabalhadores, se a primeira parte da proposta é tolerável para os rodoviários. “Para os patrões a proposta é excelente, nos marcos da atual situação econômica e da reversão das demissões em massa -, mas a segunda parte da proposta é indefensável.

Não tem motivo para a patronal exigir, de antemão, sem saber se a pandemia ainda estará presente e as consequentes medidas de restrição dos governos também estarão valendo ou não, que a redução dos salários permaneça por mais três meses depois dos três previstos na MP”, declaram.

Entenda a polêmica No sábado, a Urbana-PE, representante dos empresários do setor de ônibus da Região Metropolitana do Recife, informou em nota oficialmente que começou a reavaliar as demissões em massa de motoristas e cobradores, ocorridas nesta semana, após intervenção do governador Paulo Câmara.

A nota divulgada à imprensa neste sábado (4) confirma a informação antecipada pelo blog de que as demissões em massa dos rodoviários se tornariam sem efeito.

Não sem um custo social. “Na reunião da última sexta-feira (3) com o governador Paulo Câmara, foi solicitada a anulação dos desligamentos ocorridos no dia 31 de março.

A Urbana-PE comprometeu-se a procurar imediatamente o Sindicato dos Rodoviários de Pernambuco para reavaliar as demissões, tendo já retomado os encontros na mesma sexta-feira e agendado novas reuniões ao longo do final de semana”, diz a nota da Urbana-PE. “O setor está ciente da sua responsabilidade social e reitera que está incessantemente buscando alternativas para assegurar a continuidade de um serviço essencial à sociedade e garantir o cumprimento de suas obrigações”, acrescenta o setor empresarial.

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A reavaliação dos cortes em massa ocorreu após uma interferência do governador Paulo Câmara.

O sindicato da categoria havia feito um apelo direto ao governador, no começo desta semana, quando as demissões começaram a ocorrer.

A mais emblemática delas aconteceu na porta da empresa Transcol.

O Sindicato dos Rodoviários denunciou, na última terça-feira (31), que mais de 100 rodoviários da Transcol foram surpreendidos com demissões quando chegaram para trabalhar.

Naquela manhã, eles estiveram concentrados em frente à garagem da empresa, na Guabiraba.

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Na mesma terça-feira (31), o Sindicato dos Rodoviários emitiu uma nota criticando o Governo de Pernambuco.

A categoria alegou que, segundo decreto do governador Paulo Câmara, a circulação de ônibus durante a pandemia do coronavírus deveria ocorrer sem aglomerações e denunciou que alguns coletivos circulam lotados no Grande Recife.

Veja a nota do Sindicato dos Rodoviários, de terça-feira (31) “Segundo portaria publicada pelo Governo Paulo Câmara no último dia 24, a fim de evitar exposição ao Coronavírus, os ônibus do Recife e Região Metropolitana só podem circular com passageiros sentados, sem aglomeração, e as empresas de ônibus “deverão adotar todas as providências para evitar acúmulo de passageiros em filas”.

A portaria recomenda ainda que, para garantir isso, as empresas disponibilizem frota de estoque nos terminais de passageiros ou nas garagens.

Descumprindo a portaria, os empresários do transporte público diminuíram a frota nas ruas e os ônibus estão circulando lotados, expondo os trabalhadores rodoviários e a população a um risco excessivo de contaminação.

Para completar, nesta terça-feira (31), começaram a implementar um plano de demissão em massa de rodoviários que vai tornar impossível o cumprimento das determinações do governo estadual. É preciso que o Governo Paulo Câmara, responsável direto pela gerência do sistema de transporte coletivo, tome medidas contra estas demissões e o descumprimento da portaria.

Paulo Câmara precisa chamar uma reunião entre os patrões e os trabalhadores rodoviários para intermediar uma saída que signifique proteção da saúde e do emprego.”