No UOL Um grupo de cerca de 200 simpatizantes do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) protestou em São Paulo neste domingo (5) contra as medidas de isolamento adotadas para evitar a disseminação do novo coronavírus.

Aglomerado, o grupo primeiro protestou na avenida Paulista, em frente à sede da Fiesp (federação das indústrias de São Paulo), entidade aliada a Bolsonaro.

Depois, seguiu para se manifestar diante da Assembleia Legislativa, onde gritou palavras de ordem contra o isolamento e o governador João Doria (PSDB), adversário político do presidente.

O tucano decretou quarentena no estado e chegou a pedir para que a população não seguisse as recomendações do presidente sobre a pandemia.

Os manifestantes fecharam algumas das faixas da avenida diante da Assembleia. “Governador, queremos trabalhar”, gritavam, enquanto caixas de som tocavam o hino nacional.

Na maior bandeira da manifestação, estava escrito “Doria vergonha de São Paulo, desgraça do Brasil, impeachment já”.

A Polícia Militar, que acompanhou o protesto, fechou os dois lados da avenida Pedro Álvares Cabral na altura do prédio do Legislativo.

Entre os manifestantes, havia idosos, considerados parte dos grupos de risco da Covid-19, e pessoas com máscaras de proteção cirúrgicas e caseiras.

Vários deles usavam bandeiras do Brasil e roupas das cores verde e amarelo, como a da seleção de futebol.

Medidas mais abrangentes de distanciamento social e restrição de circulação de pessoas têm sido criticadas por Bolsonaro durante a pandemia.

O governo chegou a produzir uma campanha batizada de “O Brasil não pode parar”, contrária a medidas de confinamento adotadas no país.

O presidente tem se mantido na contramão do que dizem especialistas e líderes mundiais, incluindo o americano e aliado Donald Trump, e também do discurso de um bloco que inclui os ministros Luiz Henrique Mandetta (Saúde) e Sergio Moro (Justiça).

Na semana passada, Bolsonaro reconheceu que ainda não tem apoio popular suficiente para determinar uma reabertura da atividade comercial no país.

Em entrevista à rádio Jovem Pan, ele disse que poderia tomar uma decisão sobre o tema. “Para abrir comércio, eu posso abrir em uma canetada.

Enquanto o Supremo e o Legislativo não suspenderem os efeitos do meu decreto, o comércio vai ser aberto. É assim que funciona, na base da lei." Neste domingo (5), porém, ele admitiu a aliados que não tem poderes para determinar a reabertura do comércio.

Enquanto isso, a aprovação da condução da crise do novo coronavírus pelo Ministério da Saúde disparou e já é mais do que o dobro da registrada por Bolsonaro.

Governadores e prefeitos também têm avaliação superior à do presidente. É o que revelou pesquisa do Datafolha feita de quarta (1º) até esta sexta (3).

O levantamento ouviu 1.511 pessoas por telefone, para evitar contato pessoal, e tem margem de erro de três pontos percentuais para mais ou menos.

Na rodada anterior, feita de 18 a 20 de março, a pasta conduzida por Luiz Henrique Mandetta tinha uma aprovação de 55%.

Agora, o número saltou para 76%, enquanto a reprovação caiu de 12% para 5%.

Foi de 31% para 18% o número daqueles que veem um trabalho regular da Saúde.

Já o presidente viu sua reprovação na emergência sanitária subir de 33% para 39%, crescimento no limite da margem de erro.

A aprovação segue estável (33% ante 35%), assim como a avaliação regular (26% para 25%).

Nessa duas semanas entre as pesquisas, Bolsonaro antagonizou-se com Mandetta em diversas ocasiões.

Contrariando a recomendação internacional seguida pelo ministro, insistiu que o isolamento social não é medida salutar para conter o contágio do Sars-CoV-2.

Chegou a fazer pronunciamento em rede nacional na semana passada para fazer a defesa da abertura do comércio e foi pessoalmente visitar ambulantes no entorno de Brasília.

Após uma tentativa de enquadramento por parte da ala militar do governo, modulou seu discurso e fez nova fala, na terça (31), mais ponderada.

Atos em Brasília No Distrito Federal, também acontecerem manifestações solicitando a reabertura do comércio neste domingo (5).

Um grupo de pessoas vestindo verde e amarelo e com bandeiras do Brasil realizou um ato em frente ao Palácio do Buriti, sede do governo do Distrito Federal.

O governador Ibanes, um dos primeiros a adotar as medidas de isolamento social, era o alvo.

Os bolsonaristas o avaliam como adversário.

Nesta semana, Bolsonaro usou um vídeo com uma pequena empresária local reclamando do comércio fechado.

O youtuber e apoiador de Bolsonaro, Fernando Melo, mandou uma mensagem para as pessoas que não estavam presente no ato.“Eu mando uma mensagem para todo mundo que não veio, o pessoal que passa na rua e está apoiando a gente.

Todo mundo está com a gente.

Esses protestos serão constantes e temos que mostrar que queremos trabalhar”, diz.

A manifestação vai contra as recomendações feitas pela Organização Mundial de Saúde (OMS), pelo Ministério da Saúde (MS), e pelo Governo do Distrito federal.

Os órgãos pedem que pessoas evitem aglomerações para diminuir o risco de contágio do novo coronavírus (covid-19).

A manifestação foi marcada pela internet.

No sábado (4), já havia sido realizada carreata com o mesmo propósito.

Os carros percorreram as principais ruas e avenidas de Brasília.

No Twitter, a hashtag “Bora Trabalhar” esteve entre as mais comentadas durante a tarde de ontem.