Isolamento social e a inevitável quebra da nossa economia - é isto mesmo?
Por Elias Gomes, em artigo enviado ao blog Estamos em meio a um intenso “fogo cruzado”.
De um lado, os que defendem o isolamento social visando evitar uma rápida propagação da covid-19, que levaria o nosso sistema de saúde a um colapso por falta de infraestrutura de leitos, em especial de UTIs e respiradores para atender a uma demanda concentrada em um período curto, provocando a morte de milhares de irmãos nossos.
Do outro lado, os que consideram que o tal isolamento social levaria a nossa economia a uma brutal recessão, com a falência das empresas e o fechamento de milhões de postos de trabalho, e apregoam exaltados que “o Brasil não pode parar!” Esta contradição é real?
Estamos de fato diante de uma ou outra alternativa? É verdadeiro esse dilema? É um ou outro, oito ou oitenta?
N Ã O e não.
Países civilizados estão demonstrando que há caminhos que podem responder a este desafio.
Nesses, a exemplo da Alemanha, Inglaterra, Itália e EUA, se está recorrendo a recursos públicos, que na verdade não são do estado, mas do povo que gera toda a riqueza em todos os níveis sociais.
E, é bom que se diga, os pobres pagam proporcionalmente bem mais que os ricos.
Nos países com democracias mais consolidadas e cultura de mais solidariedade nas suas práticas por conta de um processo civilizatório mais avançado, mesmo naqueles que acharam que o vírus era uma gripezinha, como a Itália, se está conciliando a defesa da vida com a destinação de 10% (dez por cento ) do Produto Interno Bruto (PIB), ou seja de toda a riqueza gerada em um ano por todos os seus cidadãos.
São muitos bilhões de euros, dólares e libras para fazer frente ao desafio de salvar vidas e garantir a economia girando.
No caso do Brasil, o que tem que ser feito é assegurar a proteção do povo, evitando atingirmos o pico da epidemia de forma concentrada.
E, por outro lado, destinar 6% do PIB do país - que representam 500 bilhões de reais - para garantir o funcionamento das empresas, protegendo os empregos e gerando renda aos trabalhadores e trabalhadoras que atuam por conta própria.
Por aqui, as ações na área econômica por parte do governo federal têm sido insuficientes e muito retardadas. É preciso que se adote medidas mais rápidas e se responda imediatamente ao grande desafio: salvar a vida e garantir renda para o sustento das pessoas.