Se o governo federal não agir de forma mais rápida e eficaz para ajudar financeiramente a população brasileira mais pobre, a pandemia do coronavírus terão efeitos devastadores, principalmente nas periferias e favelas de todo o Brasil.
Em transmissão ao vivo online pelo Youtube realizada nesta quinta-feira (2/4), Katia Maia, diretora executiva da Oxfam Brasil; Mônica de Bolle, economista e professora da universidade Johns Hopkins, em Washington (EUA); e Douglas Belchior, ativista do movimento negro e da UNEAfro discutiram os impactos da pandemia no Brasil e quais as soluções possíveis.
Para Mônica de Bolle, a aprovação da renda básica de R$ 600 por três meses no Congresso foi uma pequena vitória, mas é necessário que o programa abranja muito mais gente. “Penso que ele deveria alcançar metade da população brasileira, 100 milhões de pessoas.
E por muito mais tempo.
No mínimo, seis meses.
Eu defendo 12 meses, prorrogáveis.
Porque esta será a extensão da crise.” Segunda ela, os Estados Unidos mandarão um cheque de 1,2 mil dólares para a casa de todas as pessoas. “Mas, no Brasil, a coisa parece andar pra trás. É espantoso.
O governo brasileiro está embromando.
A aprovação da Renda Básica aconteceu na segunda.
Hoje é quinta e nada ainda foi pago.
E sete dias é uma eternidade nesta epidemia.” “Este é o momento da responsabilidade humana.
A sociedade não tem que estar a serviço da economia. É a economia que tem que estar a serviço da sociedade”, afirmou Katia Maia, da Oxfam Brasil. “No fim das contas, o governo tem feito o máximo possível para atrasar o pagamento da renda básica de R$ 600 para informais e mais vulneráveis.” Douglas Belchior lembrou que a grande parte da população brasileira – pobre e negra – é negado o direito ao isolamento social. “Grande parte do povo não pode se dar ao luxo de parar.
O trem continua cheio.
As ruas ocupadas por camelôs.
Não param porque não podem.
Porque a mulher sai de manhã para ganhar o almoço e o pai à tarde para garantir a janta.
Porque está faltando comida, porque falta água de 3 a 4 vezes por semana.” Douglas afirmou que, se a contaminação do coronavírus se repetir com a mesma força com que ocorreu na China, Itália, Espanha e Estados Unidos, as periferias brasileiras vão viver o terror absoluto. “Se em países riquíssimos o efeito foi devastador, como é que vamos viver aqui?
Devemos estar preparados para o pior”, afirmou.
A economista Mônica De Bolle concordou com Douglas sobre o efeito devastador da pandemia de coronavírus no país caso não haja maior responsabilidade social do governo com os vulneráveis. “A desigualdade brasileira é tão agressiva que impede que uma parcela substancial da população tenha acesso a serviços básicos”, afirma.