Depois de ter falado no sábado à tarde, com o ministro da economia Paulo Guedes (veja vídeo abaixo), os investidores do mercado finaceiro demonstram que estão receosos com o cenário econômico e fazem críticas veladas ao encaminhamento da crise pelo governo Bolsonaro.
Um exemplo é o relatório mais recente da XP Investimentos.
O blog destaca alguns trechos abaixo.
Paulo Guedes diz que não vão faltar recursos para a saúde nem para a economia Servidores da Receita chamam Paulo Guedes de covarde. ‘Taxa grandes fortunas e lucros.
Não corte salário dos funcionários’ Riscos Do lado doméstico, vemos três fontes de riscos principais para o nosso cenário. 1) Medidas anti-cíclicas anunciadas serem mais limitadas (em escopo e alcance) do que imaginávamos. 2) A polarização política volta a crescer em virtude das tensões criadas pelo Planalto com governos locais e podem impactar ainda mais a confiança de empresários e consumidores. 3) Pressão por uma implementação de restrição parcial desgovernada que não leve em consideração o posicionamento da comunidade técnica-científica.
O risco advindo do cenário externo está ligado ao ritmo de recuperação dos principais parceiros comerciais, isso é, China, EUA e Europa.
Nosso cenário supõe que a China apresentará recuperação no 2T20, mas existe um risco a esse cenário.
Queda na previsão do PIB Revisamos nossa projeção de crescimento do PIB de 2020 de +1,8% para -1,9%.
Esperamos que o impacto negativo já seja sentido no primeiro trimestre e que atinja seu efeito máximo no segundo trimestre desse ano.
Nossa projeção de crescimento do PIB de 2021 subiu de +2,5% para +2,6%.
Existe um alto grau de incerteza nas estimativas trazidas nesse documento, dada a complexidade da crise atual e da incerteza com relação à efetividade das medidas anunciadas até o momento.
Com base na experiência internacional recente, acreditamos que as restrições de contato social serão mantidas em abril, com possibilidade de se estenderem para o mês de maio.
Discussões sobre restrições parciais ou totais são importantes, mas devem ser ponderadas levando em consideração a opinião isenta de líderes das áreas de saúde e todas as limitações que as medidas de restrições parciais enfrentarão na prática.
Algumas medidas de estímulo econômico anunciadas até o momento pelo governo ainda parecem limitadas e correm o risco de não fazerem efeito no curto prazo.
Este é um risco considerável para nosso cenário de 2020 e 2021.
No lado político, entendemos que a polarização política volta a crescer em virtude das tensões criadas pelo Planalto com governos locais e impactam significativamente a confiança de empresários e consumidores.
Essa é uma segunda fonte de risco em nosso cenário.
Coronavírus afetou e desligou até impostômetro nacional, em São Paulo ‘Vamos dar os recursos para os Estados se defenderem’ diz Paulo Guedes, sobre medidas econômicas contra coronavírus Câmara dos Deputados aprova auxílio emergencial de R$ 600 para pessoas de baixa renda.
Guedes queria R$ 200 Justiça do Estado suspende auxílios e adiantamento de 13º salário, em amplo pacote de ajuste Bolsonaro tentou confiscar ventiladores pulmonares comprados pelo Recife.
TRF5 barrou iniciativa A mudança de cenário A situação atual, em termos econômicos e humanos, não encontra muitos paralelos na história recente do mundo.
Os casos mais próximos, talvez, são os de guerras e catástrofes naturais de grandes proporções.
O coronavírus avassala a saúde e a economia e nos força a pensar em como agir frente a ele e aos seus efeitos.
Fazer projeções de cenário econômico, algo que já envolve muita incerteza em condições normais, torna-se tarefa quase impossível nesse momento.
Além disso, tais projeções dependem, em grande medida, da entrega e da efetividade de políticas econômicas do governo.
Dessa forma, existe um alto grau de incerteza nas estimativas trazidas nesse documento, dada a complexidade da crise atual e da incerteza com relação à efetividade das medidas anunciadas até o momento.
Conforme havíamos pontuado em nossa última revisão de cenário, o clima de incerteza global trazia viés negativo para os nossos números.
O entendimento inicial era de que o surto da doença, bem como seus impactos econômicos, poderia ficar mais restritos à Ásia, mas que ainda impunham algum risco para o Brasil.
Tais riscos se concretizaram nas últimas semanas e, em resposta a isso, houve significativa deterioração das expectativas de crescimento econômico e das condições financeiras.
O Brasil não foi exceção à regra.
O número de casos de coronavírus segue crescendo e muitos analistas comparam a evolução da doença no Brasil com diversos outros “maus exemplos” na Europa, tais como Itália e Espanha, que demoraram para adotar as políticas de quarentena.
Ainda que com algum retardo, a maioria dos países vem optando pela extensão da quarentena de forma a preservar vidas humanas.
Os elementos vindos de várias frentes científicas apontam que essa opção é a mais adequada nesse momento, ainda que exista um custo econômico associado a isso.
A história e a evidência empírica do pós-pandemia responderão essa questão com maior precisão.
Teremos mais insumos para saber como as decisões dos países salvaram mais ou menos vidas e se foram mais ou menos deletérias para a economia.
Nesse contexto, revisamos nosso cenário econômico.
A tabela no início do texto já resume as nossas revisões.
Passamos a debater aqui as principais hipóteses de trabalho.
Cenário doméstico O Brasil pode se beneficiar de uma rápida recuperação da China e de uma queda menos abrupta do PIB americano.
Apesar disso, esperamos que o impacto negativo já seja sentido no primeiro trimestre e que atinja seu efeito máximo no segundo trimestre desse ano.
Com relação a inflação, acreditamos que os efeitos da desaceleração econômica e da retração dos preços de commodities tenderão a prevalecer sobre os efeitos inflacionários avindos do câmbio e do choque negativo de oferta global.
Assim, a inflação tende a arrefecer tanto em 2020 quanto em 2021.
Além disso, tanto a menor inflação de serviços quanto a queda do preço de combustíveis terão efeitos consideráveis sobre o IPCA do ano.
Apesar do cenário de atividade econômica ser mais restritivo, temos dificuldade de ver o IPCA abaixo de 2% em 2020 mesmo em um cenário de maior desaceleração da economia.
Questões estruturais, tais como a baixa produtividade no Brasil, e questões conjunturais, tais como eventual recomposição de estoques no 3T com o câmbio mais alto, tendem a limitar essa queda.
Com relação a câmbio, acreditamos que o ambiente de aversão ao risco global tende a prevalecer no primeiro semestre e isso pode fazer com que novos limites de altas sejam testados até o meio do ano.
No entanto, com uma recuperação global mais sincronizada no segundo semestre, o real pode se valorizar frente ao dólar com fluxos de capitais buscando maior retorno no mundo.
Por fim, nosso entendimento é que o Banco Central, frente ao cenário descrito acima, seja forçado a entregar um corte a mais de 0,50 ponto percentual na taxa Selic em uma reunião extraordinária em abril.
Um corte adicional em maio não é descartado, mas, por ora, não é o caso base.
Com base na experiência internacional recente, acreditamos que as restrições de contato social serão mantidas em abril, com possibilidade de se estenderem para o mês de maio.
Discussões sobre restrições parciais ou totais são importantes, mas devem ser ponderadas levando em consideração a opinião isenta de líderes das áreas de saúde e todas as limitações que as medidas de restrições parciais enfrentarão na prática.
A adesão a um regime parcial, de forma prematura, pode, eventualmente, agravar a situação e exigir mais tempo e recurso fiscal para a recuperação econômica ocorrer de forma plena.