Mais de 60 mil produtores de cana no Brasil, imobilizados pela quarentena no país e mundial diante do coronavírus, amargam quedas acentuadas nos valores do açúcar (-15,3%) e do petróleo (- 59%) nas bolsas de valores.
Eles dizem que esta realidade tem reduzido o preço da matéria-prima do açúcar e etanol, com impactos sobre as lavouras e em toda cadeira produtiva canavieira. “A cana gera milhares de empregos e responde por ampla fatia do PIB do País.
A fim de atenuar parte dos danos produtivos e socioeconômicos de médio prazo, a entidade nacional dos canavieiros (Feplana) busca o apoio do ministro da Fazenda, Paulo Guedes, assim como dos ministros da Agricultura, Tereza Cristina, e de Minas e Energia, Bento Albuquerque”, informam. “O cenário que nos espera deve ser mais problemático que o atual, já que a previsão do valor da cana é cair mais 16% por conta da estagnação econômica causada pela pandemia, inviabilizando o negócio canavieiro devido aos preços baixos, ficando bem menores que custos de produção”, conta Alexandre Andrade Lima, presidente da Feplana.
A Feplana pleiteia três medidas específicas.
A primeira é a prorrogação do prazo de pagamento das dívidas rurais, deferidas neste ano para o final de 2020. “Mas com a paralisação das atividades econômicas em função da pandemia, será impossível o canavieiro se reerguer tão rapidamente.
Por isso, pedimos a prorrogação para até o final de 2022.
Essas dívidas dizem respeito a empréstimos realizados para custeio e investimento dos canaviais.
Pleiteamos ainda a prorrogação das repactuações de dívidas agrícolas.
E solicitamos que esse prazo maior não afete as aquisições de créditos rotineiros para o financiamento da safra”, disse Andrade Lima.
Andrade Lima pede também o fim da exclusividade da venda do etanol das usinas pelas distribuidoras. “A venda direta se torna ainda mais importante frente à queda dos valores da gasolina na bomba de combustível.
O etanol pode ficar mais competitivo na bomba e melhorar a rentabilidade das unidades produtoras, e, com isso, aumentar o preço da cana dos fornecedores.
A medida também diminuirá a circulação de caminhões das distribuidoras, colaborando na redução do preço do etanol e na questão socioambiental”, defende o lobi da atividade.
Os canavieiros também buscam garantias para os produtores independentes obter os créditos financeiros da Política Nacional de Biocombustíveis (RenovaBio).
O programa visa colocar o etanol no centro da matriz energética nacional. “ Apesar da matéria-prima deste combustível limpo depender da produção dos canaviais, que, por sua vez, demanda de previsibilidade e segurança para investir no campo, o RenovaBio ainda não regulamentou o segmento canavieiro.
Mesmo com os fornecedores de cana representando 36% de toda matéria-prima usada nas usinas, só parques fabris estão garantidos pela lei para se habilitarem e receberem os ganhos econômicos (CBios)”.