Por Roberto Gondo Macedo, em artigo enviado ao blog Em meio a autorizações e desautorizações, decretos de combate à limitações no que tange o fluxo de pessoas, o Brasil se encontra rendido nos mais diversos interesses políticos e econômicos.
Sem sobra de dúvidas, essa crise social e global se difere das últimas ocorridas no mundo por um fator fundamental: as pessoas estão se contaminando e morrendo.
De modo diferente da crise econômica de 2008, onde o capital era o foco da discussão, hoje discutimos entre vida e morte em tempos de pandemia.
Temos um Brasil onde as diferenças de classe social são imensas.
Por um lado, existe uma parcela de famílias que mal conseguem manter medidas básicas de higiene e as demais necessidades fisiológicas, que ainda lidam com problemas históricos como a falta de saneamento básico e condições precárias de moradia.
Por outro lado, há famílias e indivíduos com condição financeira muito superior e que mesmo correndo riscos de contaminação, usualmente tem mais facilidade para evitar o contato com outras pessoas - seguindo, por exemplo, as diretrizes de isolamento social.
Nesse sentido, a soma da conta é clara: o sistema de saúde brasileiro não aguentará oferecer suportes em tal situação.
O isolamento social não é histeria, é coerência em tempos de dificuldade.
Agir de modo unilateral nas decisões só deixa o país à mercê de mais um colapso sistêmico.
Mais uma vez temos que nos apegar ao senso coletivo social do brasileiro e torcer para que a coerência seja mais forte do que as bravatas estabelecidas diariamente.
Roberto Gondo Macedo é pós-doutor em Comunicação Política, professor e coordenador do Observatório de Marketing Político e Governamental do Centro de Comunicação e Letras da Universidade presbiteriana Mackenzie.