O Sindicato Nacional dos Analistas-Tributários da Receita Federal (Sindireceita) se manifestou contra as ações do ministro Paulo Guedes para enfrentar as consequências da pandemia do Covid-19.

O Globo revelou ontem que uma das medidas é cortar salários de servidores públicos dos três poderes para obter recursos para enfrentar a queda na arrecadação e ter recursos para investir no combate ao coronavírus.

A entidade questionou o ministro citando a Bolsa de Valores e o projeto de taxação de grandes fortunas. “Enquanto o mundo todo defende e pratica políticas de garantia de renda e incentivo estatal às pessoas e empresas como mitigação dos efeitos econômicos da pandemia, o Brasil continua a produzir suas jabuticabas.

Paulo Guedes e equipe pretendem fazer uma distribuição de renda inédita no mundo: tirar do trabalhador para dar ao miserável”. “Estranhamente, o Ministério da Economia não cogita tributar a distribuição de lucros daqueles que ainda têm muito a lucrar, nem taxar as grandes fortunas que podem contribuir com um pouco mais.

Esse é o país em que o pobre paga IPVA do Fusca e o rico não paga do iate e do avião particular.” Basta, Paulo Guedes - Punir quem trabalha é tudo o que não se deve fazer Por Geraldo Seixas, presidente do Sindicato Nacional dos Analistas-Tributários da Receita Federal do Brasil (Sindireceita), em artigo enviado ao blog No momento em que você lê esta matéria, os servidores da saúde pública colocam suas vidas em risco para atender à população.

As forças de segurança se mantêm em atividade para garantir a ordem e a paz.

Nos portos, aeroportos e fronteiras, servidores da Receita, policiais federais, servidores das Agências Reguladoras, da agropecuária e dos órgãos de controle ambiental mantêm a vigilância sobre o contrabando e o tráfico de drogas e armas, aceleram o comércio de máquinas e produtos essenciais ao abastecimento do país.

INSS e administração tributária se desdobram para criar canais de atendimento que mantenham a normalidade dos serviços, sem a necessidade da presença das pessoas nas repartições.

O poder judiciário, o Ministério Público e a Advocacia da União se reinventam pela regularidade jurídica do país.

Técnicos e assessores parlamentares criam condições para que o Congresso se mantenha ativo.

As Forças Armadas erguem hospitais de campanha para que não reste nenhum brasileiro sem socorro no momento mais agudo da epidemia.

E isso se replica nos Estados e Municípios de todo país.

Estamos todos servindo ao Brasil.

Enquanto a política se preocupa com a política, são os servidores públicos, mais uma vez, que sustentam o Estado.

Não queremos reconhecimento, queremos um mínimo de respeito.

Mas parece haver uma obsessão do senhor Paulo Guedes e de parte de sua equipe econômica em liquidar com os servidores.

Isso custará muito caro ao país. É mentira que os servidores sejam um mal orçamentário crescente a ser combatido.

A despesa com o pessoal ativo e inativo da União correspondeu, em 2019, a 3,95% do PIB.

Em 2002, correspondia a 4,32%.

Em relação à receita corrente líquida, a despesa com os servidores da União correspondeu, em 2019, a 31,63%, contra 38,49%, em 2000.

Os salários dos servidores já estão arrochados.

São dois, quatro, em alguns casos, seis anos sem reajuste.

Somos descontados em até 27,5% de imposto de renda na fonte.

A recente reforma previdenciária elevou nossa contribuição previdenciária de 11% para até 22%.

O governo já nos toma a metade de tudo o que ganhamos com nosso trabalho honesto e dedicação integral ao Estado.

O que querem mais?

De onde vamos tirar mais 30% dessa metade que nos resta depois dos descontos? É uma covardia, além de uma idiotice: o dinheiro tungado do servidor não sairá da poupança ou do investimento na bolsa.

Sairá do plano de saúde, da escola particular, da demissão das diaristas e domésticas.

Enfim, sairá do mercado, do consumo dos 60 milhões de brasileiras e brasileiros que dependem da renda dos servidores públicos.

Não chegamos até aqui por acaso.

Paulo Guedes parece representar muito mais o setor econômico e o setor financeiro, que a cada dia lucra mais e emprega menos.

O povo, o pobre, o trabalhador, na ótica de Paulo Guedes são um problema, nunca a solução.

Jogaram a legislação trabalhista na lata de lixo.

Produziram uma reforma previdenciária baseada em números falsos e argumentos fantasiosos.

Prometeram milhões e empregos, um crescimento econômico fantástico.

Tudo mentira!

A verdade está aí para todo mundo ver: metade da população economicamente ativa desempregada ou na informalidade, recessão econômica, dólar a R$ 5.

E a culpa não é do Coronavírus.

Enquanto o mundo todo defende e pratica políticas de garantia de renda e incentivo estatal às pessoas e empresas como mitigação dos efeitos econômicos da pandemia, o Brasil continua a produzir suas jabuticabas.

Paulo Guedes e equipe pretendem fazer uma distribuição de renda inédita no mundo: tirar do trabalhador para dar ao miserável.

Estranhamente, o Ministério da Economia não cogita tributar a distribuição de lucros daqueles que ainda têm muito a lucrar, nem taxar as grandes fortunas que podem contribuir com um pouco mais.

Esse é o país em que o pobre paga IPVA do Fusca e o rico não paga do iate e do avião particular.

Um país onde quem tem um imóvel alugado paga 27,5% de imposto de renda e quem tem um fundo com milhares de imóveis é isento de pagamento. É o país onde o errado é o certo, e o certo é o errado.

Consertem o que é preciso consertar.

Ajudem quem precisa de ajuda com os meios corretos.

Cobrem de quem pode contribuir.

Nós, servidores, já estamos fazendo a nossa parte.

Basta de injustiça, basta de covardia!

O Brasil precisa de líderes justos e corajosos.