Por Mariana Possari e Manoel Fernandes, da Bites, de São Paulo No momento da pandemia do Covid19, duas correntes de opinião tentam interpretar qual o impacto da crise na popularidade do presidente Jair Bolsonaro.

A primeira é baseada numa aposta combinada com torcida de time de futebol.

Essa análise indica que Bolsonaro está perdendo a capacidade de propagar nas redes sociais suas mensagens junto à opinião pública digital com a ajuda de seus seguidores. É a teoria do derretimento sem sustentação quando confrontada pelos fatos.

A segunda perspectiva, baseada em dados históricos do Sistema Analítico BITES, aponta a análise para outra direção e mostra que os olhares deveriam se voltar para o crescimento de uma onda oposicionista sem liderança no universo digital, especialmente no Twitter.

Alguns indicadores atuais sobre Bolsonaro reforçam a sustentam o segundo diagnóstico: 1.

Bolsonaro continua ganhando seguidores nas redes sociais, mesmo nos últimos dias quando a crise do Coronavírus se intensificou ele adicionou 327 mil seguidores aos seus perfis no Facebook, Instagram, Twitter e Youtube.

Ninguém até agora está deixando de segui-lo, fenômeno já identificado por BITES em outras esferas dos Poderes Legislativo e Executivo. 2.

As interações nos posts publicados pelo presidente no Twitter, Facebook e Instagram continuam no mesmo patamar do início do governo.

De 01 de janeiro do ano passado até às 18h de hoje, a média era de 123.965.

Nos últimos 30 dias, essa taxa ficou em 103.223 e nos últimos sete dias subiu para 112.799.

Ontem, domingo, ficou em 116.477 interações. 3.

Esses números têm um significado.

Mesmo entrincheirado, Bolsonaro continua cercado e protegido por seus admiradores mais fiéis nas redes sociais.

Nesse momento, o grupo continua publicando no Twitter quatro vezes mais posts que os detratores do presidente. 4.

Ainda no Twitter, na última semana, 992.631 usuários do serviço no Brasil utilizaram hashtags negativas para criticar o presidente contra 803.522 que o defenderam.

Apenas hoje, após o episódio da MP 927, foram 130 mil contra o presidente e 19 mil a favor.

O que o atual momento mostra não é uma queda substantiva de Bolsonaro, mas a ascensão da oposição no universo digital, especialmente no Twitter.

Esse grupo estava adormecido desde a eleição e extrapola as fronteiras da disputa ideológica da esquerda versus direita.

Enquanto os bolsonaristas já sabem quem defender, a oposição nas redes sociais tenta descobrir novos líderes para guiá-la.

Esse movimento difere de outros momentos da era Bolsonaro porque os críticos encontraram um ponto de convergência: a reação de Bolsonaro à pandemia do Coronavírus. É algo novo no cenário e pode ser circunstancial.

Esse fluxo bem trabalhado pode render frutos eleitorais porque procura um ponto de concentração da sua insatisfação e ainda não sabe quanto tempo será necessário para diluir a estruturada base bolsonarista.

Entre os personagens mais relevantes da política nacional, considerando os candidatos na eleição de 2018, é o deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) que está conseguindo o melhor resultado, por enquanto na amplificação de suas mensagens no universo digital.

Nos últimos 30 dias, a taxa de interações por post de Maia cresceu 244%.

No caso de Lula, o seu percentual ficou em 23,8% contra 12% de Ciro Gomes, 44,5% para o governador Wilson Witzel e 78% para João Doria.