De máscara, em coletiva de imprensa com um grupo de ministros para falar sobre as ações de combate ao coronavírus no País, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) negou nesta quarta-feira (18) que tenha convocado as manifestações favoráveis ao seu governo realizadas no último domingo (15).
Questionado por ter cumprimentado com apertos de mão os apoiadores em frente ao Palácio do Planalto enquanto estava em isolamento para fazer novos testes para o coronavírus, Bolsonaro alegou que não tem a doença.
Tanto a Organização Mundial da Saúde (OMS) quanto o Ministério da Saúde orientam restrições ao contato social. “Quando fui domingo, eu não estava infectado”, justificou. “Não se surpreenda se você me vir nos próximos dias entrando num metrô lotado, na barca Rio-Niterói em horário de pico ou num ônibus de Belo Horizonte”.
Bolsonaro voltou a criticar jornalistas e meios de comunicação por relatarem o descumprimento às recomendações de evitar aglomerações. “Esse sentimento de histeria passou a acontecer depois do dia 15 de março.
A minha obrigação como chefe de Estado é me antecipar, levar a verdade, mas que essa verdade não ultrapasse o limite do pânico.
Já passamos por problemas piores que não tiveram essa cobertura da mcídia”.
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Ainda no domingo, o ministro Luiz Henrique Mandetta reafirmou que a recomendação de evitar aglomerações valeria para todos, inclusive o presidente. ?
Adotando um tom mais político ao lado do chefe, Mandetta elogiou Bolsonaro e, ao ser questionado, não comentou o descumprimento da recomendação para que ficasse isolado. “Se tivemos, qualquer um, com sintomas, faremos, porque tivemos contato próximo com um ministro que é da nossa convivência [o chefe do Gabinete de Segurança Institucional, Augusto Heleno, diagnosticado nesta quarta-feira, 18].
O exame negativo não é um certificado”, afirmou, após um jornalista perguntar se Bolsonaro faria os exames mais uma vez após o contato com os integrantes da equipe infectados.
Os dois primeiros testes do presidente tiveram resultados negativos.
Jair Bolsonaro e o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta (Foto: Carolina Antunes/Presidência da República) Manifestações Bolsonaro usou como justificativa o fato de não ter sido infectado voltou a dizer que não convocou as manifestações.
Ainda durante o Carnaval, a jornalista Vera Magalhães, do jornal O Estado de S.
Paulo, publicou registros de conversas de Bolsonaro com auxiliares endossando os protestos.
Os atos criticavam o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal (STF).
Em pronunciamento na semana passada, o presidente recomendou que as pessoas repensassem a ida aos protestos, mas, desde a manhã de domingo, publicou imagens das manifestações em várias cidades e, por volta do meio-dia, saiu em uma carreata improvisada.
Além disso, cumprimentou os apoiadores em frente ao Palácio do Planalto com apertos de mão e elogiou os atos em vídeo. » Mais quatro integrantes da equipe de Bolsonaro testam positivo para coronavírus » Manifestantes pró-Bolsonaro no Recife minimizam risco do coronavírus » Bolsonaro ‘atropela a democracia’, diz Humberto Costa sobre manifestação » Deputado da base de Bolsonaro vai a manifestação e ironiza coronavírus » Bolsonaro deixa isolamento, vai a manifestação e cumprimenta apoiadores » Em meio a pandemia de coronavírus, Bolsonaro publica imagens de manifestações no Brasil “Em nenhum momento eu usei da palavra para falar contra o Congresso ou o Supremo”, disse esta tarde. “O movimento veio ao meu encontro, sinal de que me respeitam e me têm como líder.
Não dirigi minha palavra à população, fui para a rampa para ver aqueles que foram as ruas para dizer que esse governo está certo”.
Em publicações e durante a transmissão ao vivo do momento em que ele cumprimentou os apoiadores, foram mostrados cartazes que diziam frases como “Fora Maia”, em referência ao presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ).
Foto: Carolina Antunes/Presidência da República - Foto: Carolina Antunes/Presidência da República Foto: Carolina Antunes/Presidência da República - Foto: Carolina Antunes/Presidência da República Foto: Carolina Antunes/Presidência da República - Foto: Carolina Antunes/Presidência da República Foto: Carolina Antunes/Presidência da República - Foto: Carolina Antunes/Presidência da República Foto: Carolina Antunes/Presidência da República - Foto: Carolina Antunes/Presidência da República Foto: Carolina Antunes/Presidência da República - Foto: Carolina Antunes/Presidência da República Durante a coletiva de imprensa desta tarde, o presidente chegou a chamar Vera Magalhães de “mentirosa” por questioná-lo, pelas redes sociais, sobre novos movimentos que estariam sendo chamados em aplicativos de mensagens para o dia 31. “Não há clima para alguém pensar em fazer uma manifestação.
A realidade vai chegando aos poucos”, disse. “Esse grupo de direita, com o qual não tenho qualquer ligação, mas soube que cancelou.
Se o Carnaval fosse semana que vem, não sei se teríamos meios legais de vetar, mas com certeza vetaríamos”.
Panelaço Após “panelaços” terem sido registrados na noite dessa terça-feira (17) em cidades como Recife, Rio de Janeiro e São Paulo e serem chamados novos pelas redes sociais para esta quarta-feira (18), às 20h, Bolsonaro afirmou que uma manifestação semelhante seria realizada a favor do governo uma hora depois. “Qualquer manifestação popular, nas ruas ou dentro de casa, devemos entender como manifestação da democracia”, disse.