Em coletiva de imprensa no dia em que foi confirmada a primeira morte provocada pelo coronavírus no Brasil, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) voltou a minimizar os efeitos da doença. “Tem que ter calma, vai passar, é como uma gravidez, um dia vai nascer a criança”, afirmou.
Há 291 casos confirmados no País, contra 234 identificados no dia anterior.
Apesar das recomendações de redução de contato social pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e pelo Ministério da Saúde, Bolsonaro afirmou que a crise econômica deveria ser levada em consideração. “Se o Brasil parar, vai ser um caos.
Vai morrer muito mais gente fruto de uma economia que não anda do que do próprio coronavírus”, disse.
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Bolsonaro afirmou que evitaria criticar governadores, embora tenha dito que, para ele, “alguns estão se excedendo”, repetindo sua fala, mais cedo, à Rádio Tupi.
Na mesma entrevista, o presidente informou que faria uma “festinha” de aniversário no fim de semana, mesmo com as recomendações de evitar aglomerações.
Em Pernambuco, o governador Paulo Câmara, que é do PSB, partido que faz oposição a Bolsonaro, proibiu a realização de eventos com mais de 500 pessoas.
Nesta terça-feira (17), com a confirmação do primeiro caso de transmissão comunitária no Estado, quando não é possível rastrear de onde veio o vírus, o socialista determinou o fechamento de teatros, museus, academias e outros espaços. » São Paulo registra primeira morte por coronavírus no Brasil » Sobe para 18 o número de casos confirmados de coronavírus em Pernambuco » Saiba como limpar o celular para se proteger do coronavírus Também nesta terça-feira (17), os ministros da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, e da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, assinaram uma portaria prevendo que são compulsórias as medidas de enfrentamento ao coronavírus, como a quarentena e o isolamento.
O presidente ainda minimizou o caso da Itália, país que teve mais de 2,5 mil mortes até agora. “A Itália é um país como o bairro de Copacabana [no Rio de Janeiro], onde cada apartamento é um velhinho ou um casal de velhinhos”, afirmou. “Se fosse outra gripe qualquer, poderia ter falecido também”, disse ainda, sobre a morte de idosos com coronavírus.
O primeiro homem a morrer com Covid-19 no País foi em São Paulo.
Ele tinha 62 anos e estava no grupo de risco por ter também diabetes e hipertensão. ? » Bolsonaro ‘atropela a democracia’, diz Humberto Costa sobre manifestação » Partido Novo critica ida de Bolsonaro a manifestação: ‘Precisamos de responsabilidade’ » Deputado da base de Bolsonaro vai a manifestação e ironiza coronavírus » Bolsonaro deixa isolamento, vai a manifestação e cumprimenta apoiadores » Em meio a pandemia de coronavírus, Bolsonaro publica imagens de manifestações no Brasil » Câmara do Recife controla acesso e proíbe viagens por causa do coronavírus Após a coletiva de imprensa, Bolsonaro foi falar com apoiadores em frente ao Palácio da Alvorada.
Em tom jocoso, afirmou: “Estou evitando chegar muito perto porque estou esperando o resultado de um exame e, se der positivo, vão me chamar de inconsequente”.
No último fim de semana, Bolsonaro deixou o isolamento a que estava submetido para passar por testes de infecção pelo coronavírus e participou de uma manifestação a favor do seu governo e contra o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal (STF), em Brasília.
No início da semana passada, Bolsonaro já havia minimizado os efeitos da doença, afirmando que seria uma “fantasia” da mídia.
Dois dias depois, no entanto, fez uma transmissão ao vivo usando máscara reconhecendo a gravidade da infecção para idosos como ele.
Em pronunciamento, o presidente recomendou que as pessoas repensassem a ida aos protestos dos quais participou.