Por Rogério Morais, em artigo enviado ao blog A participação efetiva é a riqueza da democracia.
Para construir o Plano Municipal para a Primeira Infância do Recife buscamos a diversidade de canais e espaços para uma escuta profunda da sociedade.
Um plano decenal só terá força para superar obstáculos da continuidade, caso desperte um senso de pertencimento, gerado a partir da construção coletiva.
Desde 1989, quando o mundo assumiu compromissos na Convenção sobre os Direitos da Criança (o tratado de direitos humanos mais ratificado da história), iniciamos uma transformação de perspectiva.
Criança não é mais sinônimo de menor; criança tem direitos e é cidadão com amplos poderes.
Uma trajetória de conquistas que, nos últimos anos, culminou com a criação do Marco Legal da Primeira Infância do Brasil, há exatos 4 anos, e do Recife, em maio de 2018.
Hoje, enxergarmos as crianças como protagonistas do processo, sujeitos do conhecimento, que vivem em comunidade, interagem com o meio e percebem com clareza o que permite fazer o seu ambiente mais feliz.
Assim, através de uma didática planejada, baseada em atividades lúdicas, as crianças recifenses puderam participar ativamente da consulta pública para a construção do Plano Municipal para a Primeira Infância da cidade.
Aliás, com a sinceridade e a pureza pueril colaboraram de forma bela e contribuíram com sugestões bastante coerentes, feitas através de desenhos com a temática sobre a cidade que desejam para o futuro.
Cabe agora termos a capacidade de fazer uma leitura do que foi produzido por elas.
A “voz” da criança pode ser oralizada ou não.
Muitas vezes os desenhos representam arquétipos da vida social e urbana. É preciso alguma técnica e competência pedagógica para ter a percepção através de posturas, identidades e traços, que por vezes denunciam a ausência de direitos ou o desejo pela oportunidade de uma vida melhor.
A casa pode representar uma ancoragem, para as que a têm.
As árvores podem representar memórias primitivas do período uterino ou uma consciência ecológica e ambiental.
O que não nos deixa dúvidas é que toda a expressão servirá de base para políticas públicas de habitação, urbanismo, saúde, educação e tantas outras áreas.
As mais de 40 mil crianças que participaram do processo deixarão um legado poderoso para a cidade. É a voz e a vez das crianças do Recife.
Secretário Executivo para a Primeira Infância do Recife