Ao selar um acordo em São Paulo que deve se estender para outras cidades do País, PSB e PDT buscaram se posicionar em campo alternativo ao PT na esquerda.

A aliança foi iniciada formalmente com o apoio dos pedetistas à candidatura do socialista Márcio França à prefeitura da capital paulista, declarado nesta quinta-feira (12). “Nós dois juntos somos maiores que o PT em todos os números.

Nós temos que reconhecer diversos méritos que eles também têm, mas sinceramente não somos obrigados a ficar subjugados a nada”, disse França em seu discurso. “O PT é muito importante, mas não é o único nem o maior”, afirmou na coletiva de imprensa após o ato político.

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O seu partido, PSB, elegeu 32 e o PDT, 28.

As duas legendas buscam ainda apoio da Rede e do PV, que, juntos, somaram cinco deputados no último pleito.

França afirmou que, com o PT, faria uma “disputa honesta de quem vai para o segundo turno”. “Se chegar aí, é outra eleição de novo”.

Ciro Gomes e o PT em 2018 Questionado se conversou com o ex-presidente Lula (PT), de quem foi ministro e aliado, o vice-presidente nacional do PDT, Ciro Gomes, negou.

Ele enfatizou que é necessário buscar um “caminho alternativo”.

Em 2018, quando foi candidato à presidência, Ciro Gomes buscava apoio do PSB, o que não se consolidou após um acordo dos socialistas com o PT.

Ciro Gomes e Lula (Foto: Ricardo Stuckert/Instituto Lula) Nacionalmente, o partido não se posicionou, mas as duas legendas fecharam alianças locais, como em Minas Gerais, onde o PSB retirou a candidatura de Márcio Lacerda para apoiar o petista Fernando Pimentel, que foi derrotado por Romeu Zema (Novo), e em Pernambuco, estado em que o PT limou Marília Arraes para entrar na chapa do socialista Paulo Câmara, reeleito no primeiro turno.

Em 2020, o PT pode deixar a base socialista no Recife e lançar a candidatura da deputada federal Marília Arraes.

Ciro Gomes ficou em terceiro lugar e, após o revés, não fez campanha para Fernando Haddad (PT) no segundo turno.

Para 2022, é o pré-candidato do PDT à presidência.

PSB e PDT juntos em outras cidades em 2020 Márcio França enfatizou que a aliança deve se repetir em outras cidades. “É a chave de uma porta que não é para São Paulo, é para o Brasil”, afirmou.

O mesmo já havia sido dito pelo presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, que apontou o apoio como um “sinal” e um “primeiro passo”.

No Recife, o PSB tem como pré-candidato o deputado federal João Campos, filho do ex-governador Eduardo Campos, lembrado por Ciro Gomes durante o seu discurso.

Já o PDT se divide entre os grupos do presidente estadual do partido, Wolney Queiroz, que é favorável à manutenção do partido na base do prefeito Geraldo Julio (PSB), e do deputado federal Túlio Gadêlha, opositor da gestão atual e pré-candidato à prefeitura.

Túlio Gadêlha (Foto: Leo Motta/JC Imagem) O pai de Wolney, o deputado estadual José Queiroz, deve ser candidato a prefeito em Caruaru, no Agreste, e espera o apoio dos socialistas.

O nome de Túlio Gadêlha foi defendido pelo presidente nacional da legenda, Carlos Lupi, que também mantém relação próxima com a cúpula do PSB.

Na última segunda-feira (9), no entanto, o parlamentar impôs como condição a saída dos pedetistas das gestões socialistas.

No Recife, o partido tem a Secretaria de Habitação, com Isabella de Roldão.

Em 2018, apesar de ela ter disputado como candidata a vice-governadora na chapa de Maurício Rands (Pros), o PDT não chegou a romper com o PSB.

Enquanto Túlio Gadêlha minimiza o acordo em São Paulo, pedetistas que defendem a aliança afirmam que o apoio do partido aos socialistas pode chegar ao Recife.