Por Leonardo Accioly Conselheiro Federal da OAB por Pernambuco A Ordem dos Advogados do Brasil, não de hoje, vem sendo protagonista de importantes discussões sobre o sistema democrático brasileiro.
Faz tal debate e tem obrigação de fazer, sobretudo pelo importante status constitucional que possui como entidade guardiã da Constituição e promotora da justiça social.
A entidade tem debatido o aprimoramento do sistema político e eleitoral, a necessidade de transparência pública, a necessidade de controle e fiscalização das despesas públicas, probidade na administração, combate à corrupção e muito fortemente a promoção, fortalecimento e aperfeiçoamento da democracia brasileira.
No entanto, apesar disso tudo, não conseguiu ainda praticar de maneira plena, internamente, tudo que prega e promove para além de suas fronteiras embandeiradas.
Não falo isso como crítica à atual gestão do presidente Felipe Santa Cruz, que inclusive demonstra o interesse de discutir antigos paradigmas, como a mudança nas eleições da OAB.
Falo do “sistema OAB” que ainda carece de mecanismos de freios e contrapesos que barrem práticas nocivas, tanto criticadas pela própria entidade em nosso sistema político partidário. É de se louvar a iniciativa do atual presidente em reabrir o debate a respeito das eleições diretas federativas na entidade, mas entendo que tal discussão necessita de um debate prévio.
Precisa-se urgentemente coibir o uso do poder político e econômico nos pleitos eleitorais da OAB.
Não adianta implementar eleições diretas sem regras claras e poder de fiscalização sobre a gastança promovida nas eleições das Seccionais no Brasil afora.
Igualmente não se pode mais prorrogar o debate sobre a ingerência política do poder central e das Seccionais nas eleições.
Isso agride a democracia e impede a participação plena dos advogados na vida política da entidade.
A OAB de Pernambuco, particularmente na gestão do presidente Bruno Baptista, que tem sido um exemplo para o Brasil, tanto na implementação de regras de compliance, quanto no fortalecimento dos mecanismos de democracia e transparência, defende, há alguns anos, no Conselho Federal, a necessidade da implementação, no mínimo, de uma política de controle de gastos e prestação de contas nas eleições.
A ausência de tais regras, sempre postergadas para o “próximo pleito”, fragiliza o sistema e nos expõe a críticas, por sinal, merecidas.
O debate sobre tais temas é importante e necessário para que nossa gloriosa Ordem dos Advogados do Brasil possa continuar forte e digna de conduzir os passos da democracia brasileira, com a autoridade de quem pratica o que prega.