O movimento sindical não gostou do tranco que levou do governo do Estado, mesmo depois de prejudicar a população por mais de uma semana, parando a principal via da cidade do Recife. “A CUT Pernambuco repudia veementemente a violência policial utilizada contra a mobilização dos técnicos em enfermagem , assim como repudia a detenção do Presidente do SATEMPE- Sindicato dos Auxiliares e Técnicos de Enfermagem de Pernambuco, Francis Herbert”. “O uso da violência nos conflitos trabalhistas não resolve as distorções salariais e as precárias condições de trabalho da maioria dos servidores do estado.

As bombas de gás lacrimogêneo e a detenção só servem às forças ávidas pela violência e que desprezam a democracia.

Por fim, a CUT PE reafirma a necessidade de diálogo que possibilite um ambiente de negociação”.

Na Alepe, a deputada Jô Cavalcanti, do mandato coletivo Juntas (PSOL), voltou a defender o pleito dos auxiliares e técnicos de enfermagem que, há 14 dias, protestam no Recife cobrando reajuste salarial.

Em discurso acompanhado pela categoria nesta quinta (13), a parlamentar disse que as negociações com o Governo do Estado avançam, mas solicitou que “o Poder Executivo se comprometa a não penalizar administrativamente os servidores em mobilização”. “Infelizmente, a classe trabalhadora hoje no Brasil, para ser escutada, precisa fazer coisas extremas, para chamar atenção.

Parar a Avenida Agamenon Magalhães ontem, durante todo dia, foi a forma como eles conseguiram isso”, afirmou a deputada. “A categoria está há dez anos sem receber reajuste, situação que coloca os vencimentos de uma parte dos profissionais abaixo do salário mínimo.

Outra reivindicação dos técnicos e auxiliares diz respeito a adicionais noturno e de insalubridade”.

Segundo Cavalcanti, uma reunião da categoria com representantes do Executivo na última quarta (12) trouxe avanços para as negociações.

Ela disse que “o movimento aguarda o compromisso do Governo Estadual de não repreender os manifestantes futuramente”.

A deputada criticou a ação do Batalhão de Choque da Polícia Militar na noite de ontem. “O presidente do sindicato foi levado à delegacia de forma arbitrária.

Peço que o Estado apure a situação”, concluiu.

No tempo dedicado à Comunicação de Lideranças, o deputado João Paulo (PCdoB) também comentou a situação. “Mais perigosa que a repressão policial nesses movimentos é a divisão dos trabalhadores”, disse, alegando “haver divergências que precisam ser sanadas dentro da categoria”.

O parlamentar defendeu, também, que os grevistas “busquem a sociedade como aliada”. “A condução política gerou insatisfação em milhares de pessoas”, afirmou, colocando-se à disposição dos profissionais para intermediar o diálogo.

Liminar na Justiça O governo do Estado conseguiu no começo da noite desta quarta-feira (12) uma decisão liminar na Justiça do Estado declarando ilegal o movimento sindical dos enfermeiros na Avenida Agamenon Magalhães.

A ordem da Justiça acontece justamente quando o sindicato da categoria começava a colocar toldo na rua, prometendo realizar o protesto por ao menos 24 horas.

Os manifestantes já foram notificados.

Os policiais que foram cumprir a liminar deram três minutos para que eles desobstruíssem a via.

O pedido de liminar foi apresentado pela Procuradoria-Geral do Estado.

No pedido, o governo do Estado argumenta que o trabalho dos enfermeiros na saúde é essencial e eles deveriam retornar ao serviço.

O Estado diz que a categoria passou de todos os limites de razoabilidade.

Além de invocar decisões do STF, no que toca ao direito de greve dos servidores, o pedido de cautelar reclamava ainda do direito de ir e vir da população, sob ameaça por conta do movimento paredista.

A decisão foi assinada pelo desembargador Evandro Magalhães Neto.

Ele diz, no despacho, que a forma de paralisação escolhida pelo sindicato punha em perigo o interesse público e saúde da população.

Em caso de descumprimento, a multa solicitada era de R$ 100 mil.

Só que o juiz baixou a eventual multa para R$ 30 mil.

O sindicato é controlado pelo PSOL.

No final de semana, o governador Paulo Câmara já havia divulgado uma dura nota oficial contra o movimento.

Veja abaixo.