Por Manoel Fernandes, diretor BITES, em artigo enviado ao blog O ministro Sérgio Moro adotou o modelo já testado e aprovado pelo presidente Bolsonaro para neutralizar as repetidas tentativas de afastá-lo do comando do Ministério da Justiça.

Nas últimas semanas, ele está ocupando com mais frequência espaços na mídia clássica com o objetivo de gerar repercussão junto à opinião pública digital e lucrar com o aumento da sua presença nas redes sociais.

Assim, quando alguém ou até mesmo o presidente Bolsonaro tenta enfrenta-lo, o ministro é socorrido por seus partidários digitais.

Foi o que aconteceu com a tentativa de recriação do Ministério da Segurança.

A partir dos dados mapeados pelo Sistema Analítico BITES e interpretados com os filtros da nossa metodologia de 14 anos de trabalho, entendemos que o ministro está construindo um ativo digital capaz de bloquear com eficácia tentativas no presente ou no futuro de enfraquecê-lo politicamente.

Do modo mais duro, o presidente Bolsonaro descobriu que não se contrata quem não pode ser demitido.

E a cada dia, essa chance fica menor sob o risco de uma crise substantiva no governo federal que será gerada a partir dos movimentos dentro da Internet.

Ao final da última quinta-feira, 23, quando entrou no Instagram, Moro criou um desequilíbrio de alcance digital entre os seus colegas de governo com perfis oficiais nas redes sociais.

No dia seguinte, ele já tinha cerca de 500 mil seguidores e nas próximas 48 horas deve chegar a 1 milhão, ultrapassando a marca de hoje às 10h30 de 872 mil fãs.

A soma desse contingente com aqueles que seguem o ministro no Twitter transforma Moro no líder de audiência entre seus pares com 2,8 milhões de seguidores.

Foto: Valter Campanato/Agência Brasi Atrás dele estão Damares Alves (1,7 milhão), Marcos Pontes (1,3 milhão) e o vice-presidente Hamilton Moura (1 milhão).

Ainda há uma larga distância do presidente Bolsonaro (33,4 milhões de fãs), mas Moro já tem mais seguidores nas redes sociais do que o ex-candidato a presidente pelo PDT em 2018, Ciro Gomes (2,7 milhões) ou o governador do Maranhão, Flávio Dino (794 mil fãs), hoje visto com uma das opções do PT em 2022.

Esse fenômeno se repete nas buscas mensais realizadas no Google Brasil.

Em média, considerando os últimos 12 meses, são feitas 563 mil consultas para Sérgio Moro contra 10 mil para Dino e 119 mil em torno do governador João Dória, que comanda o estado com o maior número de usuários de Internet do Brasil (30 milhões).

A estratégia de Moro está sendo satisfatória para seus atuais objetivos.

Ontem, ele foi ao Pânico na Jovem Pan e hoje o seu vídeo já figura na lista das maiores audiências do canal oficial do programa no Youtube: 1 milhão de visualizações até às 10h30.

No canal do Roda Viva da TV Cultura também no Youtube, os resultados do ministro também impressionam e deveriam deixar o presidente Bolsonaro preocupado.

No histórico de todos os vídeos disponíveis no serviço do Google dentro da área do Roda Viva, o recordista traz a entrevista de Bolsonaro em julho de 2018 com 9,5 milhões de visualizações, mas Moro ocupa a segunda e quarta posições com suas participações em março de 2018 e no último dia 20 de janeiro.

No total são 4,7 milhões de visualizações.

No ranking dos vídeos mais vistos do canal, Moro supera a conversa em 1994 com o ex-presidente do Prona, Enéas Carneiro (2,1 milhões) e Ciro Gomes (2,1 milhões).