Favorável à aliança com o PSB, o presidente do PT no Recife, Cirilo Mota, minimizou o peso da declaração do ex-presidente Lula em apoio à candidatura da deputada federal Marília Arraes à Prefeitura do Recife.
Para Mota, o debate sobre o cenário local será iniciado após a reunião marcada entre os dois grupos do partido na capital e Lula, em São Paulo, na próxima terça-feira (26). “Um ponto de vista não altera em nada na conjuntura”, disse.
A executiva municipal do PT aprovou uma resolução este mês favorável à manutenção do partido na Frente Popular, coligação liderada pelo PSB.
A posição final, no entanto, cabe ao diretório e à executiva nacional.
Em entrevista ao UOL publicada neste domingo (26), Lula afirmou que “o PT não pode abrir mão de ter uma candidatura própria em Recife” e citou o nome de Marília Arraes. “Se ela não for para o segundo turno, ela apoia o João Campos ou outro candidato que fizer aliança com o PT”, disse.
De acordo com Lula, o cenário deve se repetir em outras capitais do Nordeste, entre elas Fortaleza, João Pessoa, Natal, Salvador.
LEIA TAMBÉM » Lula diz que PT deve lançar Marília Arraes para a Prefeitura do Recife » Marília Arraes critica Geraldo Julio e PSB por responsabilizar Bolsonaro por problemas no Recife » Com ou sem Marília Arraes, PT definiu eleger cinco vereadores no Recife, em 2020 » Marília Arraes vai se encontrar com Lula para discutir cenário no Recife » Decisão de Marília Arraes de sair candidata ou não pode afetar chapa da direita no Recife » Por candidatura, Marília Arraes fala em contexto diferente de 2018 e cita Lula Cirilo Mota discorda dessa estratégia e afirma que o PT deve ter aliança com partidos progressistas contra o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e a extrema-direita.
Esse também é o argumento do senador Humberto Costa, favorável à aliança que ele articulou em 2018, quando foi reeleito na chapa do governador Paulo Câmara (PSB).
Na última eleição, a executiva nacional do PT barrou a candidatura de Marília Arraes para que o partido voltasse ao grupo, mesmo após delegados locais da sigla terem defendido a postulação dela. “O saldo positivo foi construído num campo de alianças.
Queremos que seja avaliado esse fato concreto”, defendeu Cirilo Mota.
Em 2018, além da reeleição de Humberto Costa, o PT voltou à Câmara dos Deputados, com a eleição de Marília Arraes e de Carlos Veras.
Aliados históricos, PT e PSB romperam no Recife em 2012, quando o ex-governador Eduardo Campos, primo de Marília Arraes, aproveitou uma crise entre os petistas para lançar a candidatura do atual prefeito, Geraldo Julio (PSB).
Nas prévias, o PT havia decidido lançar João da Costa - hoje favorável à aliança - à reeleição, mas, sob intervenção da executiva nacional, o partido optou pela candidatura de Humberto Costa com João Paulo - agora no PCdoB depois de deixar o partido por causa dos conflitos envolvendo a articulação pela candidatura de Marília Arraes em 2018.
Nacionalmente, o fim da aliança foi em 2013, para viabilizar a candidatura dele em oposição a Dilma Rousseff (PT).
Em 2014, o PT entrou na chapa de Armando Monteiro Neto (PTB), derrotado pelo governador Paulo Câmara (PSB).
Naquele pleito, nenhum deputado federal foi eleito pelo partido.
Para 2020, o PT voltou a ficar dividido. “Tem que analisar essa linha do tempo.
Não ganhamos sozinhos, não podemos ir para nenhuma disputa isolados”, disse Cirilo Mota. “A gente sabe que em 2012 perdeu a eleição por uma leitura talvez não respeitando conjuntura local”.