Do Blog de Jamildo, com Agência Brasil O jornalista Glenn Greenwald, do The Intercept, foi denunciado nesta terça-feira (21) pelo Ministério Público Federal (MPF) na Operação Spoofing, que investigou a suposta invasão de celulares de autoridades como o procurador da República Deltan Dallagnol, chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato em Curitiba (PR).

O cofundador do site que divulgou as mensagens, no caso que ficou conhecido como Vaza Jato, foi acusado de associação criminosa.

Desde junho, o The Intercept tem publicado mensagens atribuídas a Dallagnol e a outros procuradores e ao ex-juiz Sergio Moro, hoje ministro da Justiça e Segurança Pública.

Os trechos indicam que Moro teria orientado a força-tarefa, o que é proibido por lei.

A denúncia afirma que Glenn Greenwald “recebeu o material de origem ilícita enquanto a organização criminosa ainda praticava condutas semelhantes, buscando novos alvos, possuindo relação próxima e tentando subverter a noção de proteção ao ‘sigilo da fonte’ para, inclusive orientar que o grupo deveria se desfazer das mensagens que estavam armazenadas para evitar ligação dos autores com os conteúdos ‘hackeados’, demonstrando uma participação direta nas condutas criminosas”.

No documento, o procurador Wellington Divino de Oliveira enfatiza que Glenn Greenwald não era investigado inicialmente e se tornou um dos alvos da apuração após um áudio que teria indicado a sua participação.

Uma liminar concedida em agosto do ano passado pelo ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou que Greenwald não fosse investigado ou responsabilizado por receber, obter ou publicar informações de interesse jornalístico.

O pedido de liminar havia sido feito pelo partido Rede Sustentabilidade.

Foram denunciados também Walter Delgatti Neto, Gustavo Henrique Elias Santos, Thiago Eliezer Martins Santos, Danilo Cristiano Marques, Sueles Priscila de Oliveira e Luiz Henrique Molição.

A defesa de Glenn Greenwald disse, em nota, que recebeu a informação sobre a denúncia “com perplexidade”. “Trata-se de um expediente tosco que visa desrespeitar a autoridade da medida cautelar concedida na Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) nº 601, do Supremo Tribunal Federal, para além de ferir a liberdade de imprensa e servir como instrumento de disputa política”, diz a nota, ao citar a liminar de Gilmar Mendes.

Reação dos políticos Minha total solidariedade ao jornalista @ggreenwald diante da denúncia do MPF.

A Polícia Federal após longa investigação declarou que Glenn não cometeu nenhum crime e que agiu com muita cautela.

Estamos diante de um forte ataque à liberdade de imprensa! — Manuela (@ManuelaDavila) January 21, 2020 Sem pé nem cabeça esta denúncia contra o jornalista Glenn Greenwald.

O jornalismo é tarefa essencial à democracia e às liberdades individuais e públicas.

O que Glenn fez foi o mais genuíno jornalismo. (…)https://t.co/iCVqmt17uG — Ciro Gomes (@cirogomes) January 21, 2020