Por José Paulo Cavalcanti Filho, em sua coluna na página de opinião do JC Mais um ano se foi.

Lembro, aqui, poema eterno (Feliz Ano Novo) de Antônio Carlos Secchin: “Finalmente comprará sua mansão/ Será engolida pela fome de um tufão./ Viverá uma intensa fantasia/ Desfeita a meia hora do meio-dia./ Encontrará o amor de sua vida/ Inerte, num esquife de partida./ Ganhará muito dinheiro/ Para a doença desgastá-lo por inteiro./Chegará sorrindo ao Céu sonhado/ Mas é domingo.

O portão está fechado”.

Para suavizar o Destino, esse Deus sem nome, segue Drummond, no seu belo Passagem do Ano, que resumo: “O último dia do ano/ Não é o último dia do tempo/ Outros dias virão…/ O último dia do tempo/ Não é o último dia de tudo/ Fica sempre uma franja de vida”.

Uma vida que devemos celebrar por ser a que vivemos.

Com tudo nela que seja permanente.

Mas também, salve Carlos Pena (A Solidão e sua Porta), o “insolvente e provisório”.

Por isso, nas alvíssaras de um novo ano, cumprimento respeitosamente o amigo leitor.

E escrevo, sem maiores preocupações, pobres versos de cantoria de pé-de-parede: Pra viver um pouco mais/ Basta só mudar de nome/ Atenção nos exageros/ Cuidado com o que se come/ A gordura é um anti-parto/ Em vez de morrer de enfarto/ É melhor morrer de fome.

Se essa vida nos consome/ Vai charuto na fogueira/ Coca-cola nunca mais/ Caminhada na esteira/ Exercício nem me fale/ Problema é que isso vale/ Só até segunda feira.

Não está prá brincadeira/ Dinheiro é bom segurar/ Se um amigo lhe pedir/ Sugiro não emprestar/ O dinheiro sobe e desce/ Quem deve desaparece/ Ou se esquece de pagar.

Torcedor deve avisar/ Que time é coisa complexa/ O filho sofre no campo/ A filha fica perplexa/ Seleção outra não tem/ E se for escolher bem/ Só pode ser mesmo HEXA.

A caminhada é inflexa/ Prefiro mar, sol e sal./ O verão é coisa séria/ Preferência nacional/ E é bom aproveitar/ Ler mais tarde seu jornal/ Ao leitor deixo esse aviso/ Por favor não leve a mal/ Digo logo até mais ver/ Pois voltar a escrever/ Só depois do Carnaval.

P.S.

Bons anos a todos.

Com o coração.

E agora, com licença que o mar me espera.

O Mar Tenebroso, dos navegadores antigos.

Mar Salgado, em palavras de Pessoa.

Demônio de Mar, segundo Baudelaire.

O mar quente de nosso Nordeste.

De Pernambuco.

E volto a essas páginas só depois do Carnaval.

Até lá, pois.

Se Deus permitir, é claro.