O ex-governador da Paraíba Ricardo Coutinho (PSB) é um dos alvos da Operação Calvário - Juízo Final, deflagrada na manhã desta terça-feira (17) pela Polícia Federal.

São 17 mandados de prisão preventiva, um deles contra o socialista.

Além desses, há 54 de busca e apreensão, atingindo também o atual governador, João Azevêdo (sem partido).

Foram decretadas as prisões ainda da deputada estadual Estela Bezerra e da prefeita de Conde, Márcia Lucena, ambas do PSB e ex-secretárias na gestão de Coutinho.

LEIA TAMBÉM » Delator relatou conversas com Ricardo Coutinho sobre suposta propina, diz decisão » Governador da Paraíba é alvo de busca e apreensão em operação da PF » Em nota, PSB defende inocência de Ricardo Coutinho » PT sai em defesa de Ricardo Coutinho e aponta ‘espetacularização’ As investigações apontaram supostos desvios de recursos públicos que chegaram a R$ 134,2 milhões.

Segundo a PF, mais de R$ 120 milhões teriam sido destinados a agentes políticos e às campanhas eleitorais de 2010, 2014 e 2018.

Ricardo Coutinho está fora do país e não foi preso.

Em nota, a Polícia Federal afirmou que foi solicitada a inclusão do nome dele na difusão vermelha da Interpol.

O ex-governador afirmou pelas redes sociais que vai antecipar a volta ao Brasil.

No pedido de prisão, o Ministério Público aponta o ex-governador como líder de um suposto esquema criminoso. “Segundo as investigações sugerem, ele é o chefe do agrupamento delituoso que teria se estabelecido no Estado paraibano, com o escopo de desviar verbas de diversos setores, a fim de fomentar e manter a suposta organização criminosa”, afirma na decisão o desembargador Ricardo Vital de Almeida, do Tribunal de Justiça da Paraíba (TJPB).

Ricardo Coutinho com Dilma Rousseff e Lula em viagem a Monteiro, em 2017 (Foto: Ricardo Stuckert/Divulgação) - Ricardo Coutinho com Dilma Rousseff e Lula em viagem a Monteiro, em 2017 (Foto: Ricardo Stuckert/Divulgação) Rui Costa, Ricardo Coutinho, Fernando Haddad, Paulo Câmara e Wellington Dias (Foto: Ricardo Stuckert/Divulgação) - Rui Costa, Ricardo Coutinho, Fernando Haddad, Paulo Câmara e Wellington Dias (Foto: Ricardo Stuckert/Divulgação) Ricardo Coutinho em reunião com outros governadores do Nordeste em 2015 (Foto: Valter Campanato/Agência Brasil) - Ricardo Coutinho em reunião com outros governadores do Nordeste em 2015 (Foto: Valter Campanato/Agência Brasil) Ricardo Coutinho com Fernando Haddad e João Azevêdo em 2018 (Foto: Ricardo Stuckert/Divulgação) - Ricardo Coutinho com Fernando Haddad e João Azevêdo em 2018 (Foto: Ricardo Stuckert/Divulgação) Ricardo Coutinho (Foto: José Cruz/Agência Brasil) - Ricardo Coutinho (Foto: José Cruz/Agência Brasil) Os mandados são cumpridos na Paraíba, no Rio Grande do Norte, no Rio de Janeiro, em Goiânia e no Paraná.

Os documentos foram expedidos pelo TJPB e pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ).

Na Corte, os processos sobre o caso estão em segredo de justiça.

De acordo com a Polícia Federal, foram fechados contratos com sobrepreço nos hospitais de Trauma, em João Pessoa; Geral, em Mamanguape; e Metropolitano, em Santa Rita. “De modo a se blindar de fiscalização do Tribunal de Contas do Estado da Paraíba, a organização pagou reiteradamente vantagens indevidas, valendo-se de contratos de ‘advocacia preventiva’ ou contratos de ‘advocacia por êxito’, de modo a ocultar ou dissimular a natureza, origem, disposição e movimentação dos valores”, afirmou a PF, na nota. “Verificou-se ainda o uso eleitoral dos serviços de saúde, com direcionamento de atendimentos e fraude no concurso de pré-seleção de pessoal do Hospital Metropolitano no ano de 2018”.

Procurado, o Ministério Público da Paraíba (MPPB), que coordenou as investigações através do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), não se posicionou ainda sobre a operação.

O Ministério Público Federal (MPF) e a Controladoria-Geral da União (CGU) também participaram da ação.

Em nota, o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, afirmou que “reitera sua confiança na conduta do ex-governador”.

O Partido dos Trabalhadores também saiu em defesa de Ricardo Coutinho e afirmou que houve “espetacularização”. “Uma investigação que deveria se revestir de sobriedade e objetividade foi mais transformada em prejulgamento na mídia, apesar da fragilidade técnica e jurídica da medida cautelar que decretou as prisões”, diz o texto. “Causa espanto, por exemplo, a ordem de inclusão do nome de Coutinho na lista de alertas da Interpol, ato que não encontra qualquer justificativa na conduta do ex-governador”.

Esta é a sexta fase da Operação Calvário.

A primeira foi em dezembro do ano passado, para investigar contratos da filial da Cruz Vermelha Brasil no Rio Grande do Sul com unidades de saúde na Paraíba.

Em março, a então secretária de Administração da Paraíba, Livânia Farias, foi presa em outra fase da investigação.

A quinta fase foi em outubro.

Ricardo Coutinho Ricardo Coutinho foi governador da Paraíba por dois mandatos e, em 2018, ajudou a eleger o sucessor, João Azevêdo.

Antes disso, foi prefeito e vereador de João Pessoa, a capital paraibana.

Azevêdo foi secretário na gestão de Coutinho no Estado.

Hoje, Ricardo Coutinho é presidente do PSB na Paraíba e da Fundação João Mangabeira.

Coutinho é um dos nomes fortes do seu partido no Nordeste e é ligado ao PT, partido ao qual já foi filiado.

Em 2014, quando o PSB decidiu apoiar Aécio Neves (PSDB) no segundo turno, o então governador deu palanque a Dilma Rousseff (PT).

Em novembro, depois que o ex-presidente Lula (PT), foi solto, Ricardo Coutinho se encontrou com o petista os dois divulgaram um vídeo criticando as ações do governo Jair Bolsonaro (sem partido) para o Nordeste, citando a transposição do rio São Francisco.

Eu tenho certeza de que vou viver pra voltar a ver o Nordeste sorrir, @realrcoutinho. pic.twitter.com/j9PZzdKk3i — Lula (@LulaOficial) November 12, 2019