As previsões foram apresentadas nesta terça-feira (10/12), no Recife (PE), pelos economistas e sócios da Ceplan, Tania Bacelar e Jorge Jatobá, na Análise Ceplan, um estudo de conjuntura econômica e perspectivas, com o tema “Tendências Econômicas e Números do Ambiente de Negócios para 2020”.

Ceplan diz que Pernambuco precisa fazer ajuste fiscal para conter rombo da Previdência e sugere PPPs e concessões A apresentação foi realizada no Encontro Análise, do LIDE Pernambuco que reuniu empresários e executivos de diversos setores, interessados em saber como interpretar os sinais de 2019 e o que esperar do próximo ano.

A atividade econômica no Brasil segue em ritmo lento, mas melhorou até o 3° trimestre deste ano, num cenário marcado pelo setor de serviços à frente da reação da economia, consumo puxado pelas famílias, investimento retomado pelo setor privado, inflação baixa, juros em queda e dólar em alta.

Com base nesses fatores, a Ceplan Consultoria Econômica e Planejamento, mantém a projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) nacional em torno de 1% para 2019 e estima uma taxa de 2,0% a 2,5% no próximo ano. “A Análise Ceplan trouxe indicadores que sustentam a expectativa de taxas do PIB modestas, porém positivas, neste biênio.

O PIB trimestral – que se expandiu por três trimestres consecutivos de 2019 - é o principal índice que aponta nessa direção, com taxas de 0,6% (janeiro/março), 1,1% (abril/junho) e 1,2% (julho/setembro)”, cita o estudo. “Esse desempenho foi puxado pelos serviços, que registraram recuperação de 1,1% no acumulado de janeiro a setembro.

Na ponta, o consumo das famílias cresceu 1,8% neste mesmo período, mas num contexto ainda de baixo dinamismo da economia e de elevado desemprego.

Já os investimentos cresceram 3,1%, oscilação que se deve, exclusivamente, ao setor privado, pois os investimentos públicos perderam força por causa da crise fiscal do estado brasileiro, compreendendo Uniâo, Estados e Municípios", disse Jorge Jatobá, no evento.

Quanto às tendências para 2020, a Ceplan frisa que a política econômica liberal do Governo Bolsonaro continuará a ser bem recebida pelo mercado, mas frisa que o PIB de até 2,5% e a manutenção da queda no desemprego, inflação e juros dependem da melhoria dos fundamentos macroeconômicos, do avanço das reformas e de que o Governo não crie as instabilidades políticas que marcaram 2019 e que tiveram impactos negativos, como a implosão da base partidária do Presidente da República no Congresso Nacional. “A corrosão do apoio no Legislativo é um entrave para a aprovação das reformas em tramitação.

Outro problema é a ausência de uma política de desenvolvimento, para definir os objetivos do país para o curto, médio e longo prazos e as estratégias para atingí-los”, afirma Tânia Bacelar. “Os indicadores do mercado de trabalho, por sua vez, demonstram uma queda lenta do desemprego, com uma característica preocupante: a precarização crescente da ocupação.

Puxada pelo trabalho precário e informalidade, a ocupação se expandiu em 1,5 milhão de pessoas, de 92,6 milhões de trabalhadores para 94,1, milhões entre outubro de 2018 e o mesmo mês de 2019”, acrescenta Jatobá.

Inflação em queda, dólar em alta A inflação, em 12 meses, medida pelo IPCA - destaca a Análise - recuou de um pico anual de 4,9% em abril para 3,2% em novembro passado, o que reflete o consumo desaquecido e a ação da política monetária conduzida pelo Banco Central.

Enquanto isso, o dólar vem batendo recordes históricos de valorização em relação ao real.

A cotação da moeda norte-americana vem sendo pressionada para cima por fatores externos (especialmente a guerra comercial entre Estados Unidos e China) e também internos, com destaque para a evasão de capitais especulativos de curto prazo num ambiente de juros nominais e reais ineditamente baixos.

A alta do dólar torna as exportações brasileiras mais competitivas, mas encarece as importações, num momento em que as empresas precisam investir na aquisição de bens de capital para solucionar gaps tecnológicos e incrementar a produtividade.

Porém, numa avaliação mais ampla, a Ceplan ressalta a perda de força da balança comercial, mesmo com o dólar alto favorecendo os embarques externos.

O saldo mantém viés de queda desde fevereiro (US$ 52,3 bilhões) e chegou a US$ 38,7 bilhões em outubro.