O jornal Folha de S.
Paulo divulgou neste domingo (24) mais um trecho de mensagens obtidas pelo site The Intercept atribuídas a procuradores da força-tarefa da Operação Lava Jato.
A conversa trata de um levantamento que teria apontado que o ex-juiz Sérgio Moro, hoje ministro da Justiça, teria contrariado o padrão ao suspender o sigilo de áudios do ex-presidente Lula (PT).
Em março de 2016, foi registrada uma conversa entre o petista e a sua sucessora, Dilma Rousseff (PT), sobre a posse dele como ministro da Casa Civil.
A então presidente tentava reverter a crise no governo.
Moro autorizou a quebra do sigilo sobre as investigações envolvendo Lula e permitiu que os áudios fossem anexados.
Segundo a Folha, a procuradora Anna Carolina Resende perguntou em um grupo se os outros integrantes da força-tarefa poderiam apontar outros casos semelhantes. “Só para demonstrarmos que ele não agiu fora da curva nesse caso específico”, diz, de acordo com a Folha. “Acho que essa é uma frente que ainda não foi explorada de defesa do ato”.
Uma estagiária do Ministério Público Federal (MPF) em Curitiba (PR), então, teria respondido que já havia feito um levantamento prévio, mas que não saberia até que ponto essa estratégia seria útil. “Demos uma olhada em outros casos ontem e nenhum deles tem sigilo nível 0.
Todos são nível 1.
Ademais, nunca há juntada dos áudios no processo, apenas dos relatórios”, afirma, segundo a reportagem.
A quebra do sigilo no caso de Lula é um dos argumentos apontados pela defesa do ex-presidente em habeas corpus ao Supremo Tribunal Federal (STF).
Os advogados do petista acusam Moro de ter sido imparcial.
Outro lado Em resposta à Folha, Moro disse que o sigilo foi levantado em “dezenas e dezenas” de outros processos.
Sobre o caso de Lula, afirmou que foi a “medida ainda mais justificada diante dos indicativos de que estaria em curso tentativa espúria de obstrução da Justiça”. “Questionar a publicidade de processos judiciais, três anos depois, além de ser uma tentativa sensacionalista e descontextualizada de revisionismo, revela mera intenção de invalidar sentenças de criminosos”, rebateu ainda ao jornal.
A força-tarefa disse à Folha não reconhecer a autenticidade das mensagens. “Eventual levantamento que apontasse para tal conclusão estaria absolutamente equivocado, não tendo certamente passado [por] um escrutínio adequado”, afirmou ainda.