Por Pedro Josephi, advogado, professor e presidente da Fundação Leonel Brizola (PDT).

Josephi é aliado do deputado federal Túlio Gadêlha (PDT), cotado para disputar a Prefeitura do Recife A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), feita pelo IBGE, apontou que Recife tem a pior taxa de desemprego entre todas as capitais do Brasil, com mais de 147 mil pessoas desempregadas na cidade, representando assim 17,4% da população economicamente ativa.

A Pnad divulgada nesta terça-feira refere-se aos meses de julho, agosto e setembro deste ano e só confirma a tendência anual que é de agravamento do desemprego na cidade.

Nos três primeiros meses do ano, a taxa era de 15,3%.

No segundo trimestre, subiu para 16,5%.

Esse crescimento exponencial deveria gerar no poder público um estado de alerta para a situação.

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Recife precisa “se vender” e criar condições para o aporte financeiro do setor privado.

Infelizmente, inexiste um projeto municipal, com racionalidade e incentivos tributários, para fomentar a vinda de indústrias para cá, o que exigiria a escolha por parte da municipalidade de setores estratégicos para tal desenvolvimento.

Foto: Leo Motta/JC Imagem - Foto: Leo Motta/JC Imagem Pedro Josephi, um dos coordenadores da Frente de Luta pelo Transporte Público.

Foto: Leo Motta/JC Imagem - Pedro Josephi, um dos coordenadores da Frente de Luta pelo Transporte Público.

Foto: Leo Motta/JC Imagem Foto: Leo Motta/JC Imagem - Foto: Leo Motta/JC Imagem Recife tem recursos humanos, inteligência, solo e vocação para criação de parques industriais atrativos para o investimento nacional e internacional, mas falta liderança na gestão para explorar esse potencial.

A proximidade com o Porto de Suape facilita a logística de uma cadeira produtiva, mas é preciso que gestor saia da letargia e articule junto ao capital produtivo.

Qual a política de captação de investimentos da cidade para as empresas chinesas, mercado superavitário com o Brasil?

Qual a política para atrair indústrias da farmacoquímica e farmacêutica, visto que Recife é um polo médico-hospitalar?

Qual a política para a indústria da transformação?

Qual a política para atrair a indústria de eletrônicos?

De que adianta as crianças, em algumas escolas, estudarem robótica se não têm onde trabalharem?

Quais os diálogos da municipalidade com o setor produtivo?

Quais as políticas para o primeiro emprego de jovens?

Quais parques industrias foram fomentados?

Quais os fóruns criados?

Quais as ações para fomento das micro e pequenas empresas na cidade?

Infelizmente, não se pensa um projeto de desenvolvimento municipal e isso gera desemprego.

Além destes fatores, a Prefeitura assiste passivamente o fechamento de lojas no centro da cidade.

Segundo a Câmara de Dirigente Lojistas, dezenas encerraram as atividades nos últimos anos e o poder público pouco faz para reverter tal tendência. É preciso que o centro da cidade seja atrativo, iluminado, organizado, tenha acesso fácil para os consumidores, mas também se transforme em um polo de compras com reduções de impostos e incentivos fiscais para os lojistas.

Isso garantiria a geração de empregos.

Sem falar na nossa natural vocação turística, importante setor gerador de empregos diretos e indiretos.

Recife é uma cidade de encantos mil, como já dizia Reginaldo Rossi, mas esquecida, mal sinalizada, suja e sem cuidados.

Nossos equipamentos históricos não têm a devida atenção e preservação.

As Igrejas, que poderiam, a exemplo de outros municípios no Brasil, ser locais para o turismo religioso contam com apoio zero da municipalidade.

E, a nossa orla?

Pouco atrativa, sem dinamismo e que “fecha” cedo.

Basta uma visita rápida em cidades do Nordeste para observar o quanto a vida noturna em cidades litorâneas pode atrair turistas e gerar empregos.

Outro ponto a se destacar é o endividamento das famílias, que reduziram sua capacidade de consumo.

Ora, por que a prefeitura não age como grande articuladora junto aos bancos, lojas e serviços de restrição ao crédito para promover feirões para limpar os nomes dos endividados?

Grande parte destes débitos jamais serão pagos, mas inviabilizam o consumo.

O gestor poderia utilizar o seu capital político para articular negociações coletivas, garantindo subsídios às empresas que aderissem ao programa de repactuação das dívidas.

Por que a prefeitura não articula todos os setores envolvidos, inclusive, o judiciário (que já tem o PROENDIVIDADOS), para “limpeza” dos nomes dos endividados nos bairros da cidade?

Por que não lidera tal articulação?

Ademais, outro título indigesto nossa cidade “ganha anualmente”: o de pior trânsito do Brasil, apontado por vários estudos e pesquisas, a mais recente foi a “Traffic Index 2018”, feito pela empresa GPS Tomtom.

Ora, qual o atrativo para o setor produtivo se instalar em uma cidade que não anda?

O setor de serviços, grande responsável pelo nosso PIB, depende da fluidez do trânsito e de racionalidade na mobilidade urbana.

Ou seja, para atrair investimentos faz-se necessário “arrumar a casinha”, garantir infraestrutura e mobilidade urbana.

Recife, aliás, é uma das cidades que não possui Plano de Mobilidade, determinado pela Lei 12.587/2012 (Política Nacional de Mobilidade Urbana), e, portanto, está proibida de receber verbas oriundas do orçamento federal para tal fim.

Desse jeito, não há investimento, e nem emprego.

Por fim, não se pode deixar de considerar a crise econômica que vive o País, mas isto não pode ser cortina de fumaça para ausência de uma política municipal de desenvolvimento. É preciso inovação e planejamento produtivo, os mecanismos são muitos, basta a gestão da municipalidade sair da letargia e da perfumaria para enfrentar o problema do desemprego e desempenhar um papel de indutora da economia local.

Recife pode mais e os recifenses anseiam por isso.