No megaleilão do pré-sal nesta quarta-feira, a expectativa era de atingir R$ 106 bilhões em arrecadação.

No entanto, apenas dois dos quatro blocos de exploração de petróleo oferecidos foram arrematados, alcançando pouco mais de R$ 69 bilhões.

Os estados e municípios aguardavam um repasse de R$ 21 bilhões após o leilão, que não acontecerá, já que a expectativa não foi atingida. “O leilão da cessão onerosa hoje frustra em 50% a transferência líquida de recursos para estados e municípios.

E isso não é pouca coisa.

Essa estratégia equivocada, portanto, tem consequência direta na capacidade de investimento que nós estávamos viabilizando em todo o território nacional”, disse o senador Eduardo Braga (MDB-AM), no Senado.

Na área técnica, o tom era de comemoração.

Veja em que termos o IBP tratou o LEILÃO CESSÃO ONEROSA (Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustíveis) “Os resultados do leilão do excedente da cessão onerosa indicam que o setor segue confiante e empenhado em investir no país, o que fica claro com o arremate de dois blocos exploratórios na área.

O bônus de R$ 69,960 bilhões supera o valor arrecadado em todas as ofertas somadas já realizadas pela ANP desde a abertura do setor, no final dos anos 90.

Essas áreas têm o potencial de gerar investimentos de mais de R$ 200 bilhões ao longo de seu desenvolvimento e irão se traduzir em tributos, empregos e geração de renda a médio e longo prazos no país.

O fato de dois blocos não terem sido arrematados não reduz a importância do resultado desse certame.

Trata-se do primeiro leilão deste tipo no mundo (por ofertar grandes volumes já descobertos, o que reduz o risco e o torna sem precedentes) e o bônus é elevado até mesmo para companhias de classe mundial.

Essa característica restringe a oferta a poucos atores com capacidade de investimento para fazer frente ao desenvolvimento dos campos gigantes dessa área do pré-sal.

O bônus estimado inicialmente – de R$ 106 bilhões – e o valor que se confirmou no leilão é comparável a uma aquisição internacional de uma companhia de óleo e gás ou ao orçamento anual de uma grande petroleira global – na faixa de US$ 30 bilhões.

O setor segue confiante diante das transformações realizadas no país nos últimos anos, que asseguraram a retomadas dos investimentos e o sucesso dos leilões de blocos exploratórios de óleo e gás. É preciso ressaltar ainda o empenho do país para melhorar a regulação do setor, com medidas como a adoção de um calendário fixo de rodadas de licitação, adequação de regras de conteúdo local, a proposta do Novo Mercado de Gás e melhorias no campo fiscal.” Não gostou.

Na mesma linha do senador Humberto Costa, do PT, o governador de Pernambuco, do PSB, fez críticas e falou em decepção.

O governador Paulo Câmara foi ao jornal Folha de São Paulo reclamar do resultado do leilão do pré-sal, nesta quarta-feira.

O governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB), disse que o sentimento após o leilão do pré-sal é de frustração.

Ele afirmou que a situação é preocupante porque existia uma confiança que não se concretizou. “Frustrou as expectativas até porque eram quatro blocos e apenas dois conseguiram êxito e sem competição.” Paulo Câmara disse ao jornal que o estado vai ter que se reprogramar em relação à chegada dos recursos oriundos da cessão onerosa. “Evidentemente, a situação dificulta.

Mas vamos continuar trabalhando.

Esperamos que, mais na frente, os erros de condução deste processo sejam corrigidos”.

Entre os estados que previam arrecadar mais de R$ 500 milhões com cessão onerosa estariam Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso, Pará e os nordestinos Bahia, Maranhão, Pernambuco e Ceará.