“Se a esquerda radicalizar a esse ponto, a gente vai precisar ter uma resposta.
E uma resposta pode ser via AI-5”.
Foi a declaração do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho mais novo do presidente Jair Bolsonaro (PSL), que levou à reação de políticos nas redes sociais.
Mas o que foi o AI-5?
O Ato Institucional número 5, de 13 de dezembro de 1968, foi editado no governo do general Artur da Costa e Silva, o segundo presidente da ditadura militar.
Após o AI-5, foi iniciado o período mais duro do regime.
Com o AI-5, o governo militar passou a ter o direito de suspender os direitos políticos de qualquer cidadão e cassar mandatos eletivos federais, estaduais e municipais.
Com isso, seria suspenso o voto, por exemplo, e poderiam ser aplicadas medidas como a proibição de frequentar determinados lugares.
A garantia de habeas corpus nos casos de crimes políticos também foi interrompida.
O ato institucional previa ainda que o presidente poderia decretar intervenção em estados e municípios e o recesso do Congresso Nacional, das Assembleias Legislativas e das Câmaras de Vereadores, passando a legislar.
Costa e Silva fechou o Congresso Nacional.
Além disso, juízes poderiam ser destituídos dos seus cargos.
O AI-5 foi editado um dia depois de a Câmara rejeitar a abertura de um processo contra o ex-deputado Marcio Moreira Alves, do MDB.
O então parlamentar havia defendido três meses antes que os desfiles de 7 de setembro, Dia da Independência, fossem boicotados.
O texto do AI-5 foi revogado em 1978, mas o texto pode ser acessado no site do Senado Federal.
No site do Palácio do Planalto, ele está inacessível.
Ditadura militar Esta não é a primeira vez que a família Bolsonaro exalta a ditadura militar no Brasil.
Ao votar a favor do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), presidente Jair Bolsonaro, então deputado, exaltou o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, militar reconhecido pela Justiça como torturador no período o regime.
Em agosto, para atacar o presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Felipe Santa Cruz, afirmou que poderia “contar” como o pai dele, o pernambucano Fernando Santa Cruz, desapareceu durante o regime.
Há dois dias, no plenário da Câmara dos Deputados, Eduardo Bolsonaro elogiou a política do ditador chileno Augusto Pinochet e, ao se referir aos protestos no Chile, afirmou que “se eles começarem a radicalizar do lado de lá, a gente vai ver a história se repetir.
Aí é que eu quero ver como é que a banda vai tocar”.
Veja o documento do AI-5, disponibilizado no site da Universidade de São Paulo (USP): ?
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