O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), criticou a declaração do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) sobre o AI-5, ato institucional de 1968 que iniciou os anos mais duros da ditadura militar brasileira. “A apologia reiterada a instrumentos da ditadura é passível de punição pelas ferramentas que detêm as instituições democráticas brasileiras”, disse Maia.

O presidente da Casa classificou a fala de Eduardo Bolsonaro como “repugnante”. “Uma Nação só é forte quando suas instituições são fortes.

O Brasil é um Estado Democrático de Direito e retornou à normalidade institucional desde 15 de março de 1985, quando a ditadura militar foi encerrada com a posse de um governo civil. — Rodrigo Maia (@RodrigoMaia) October 31, 2019 LEIA TAMBÉM » O que foi o AI-5, citado por Eduardo Bolsonaro » Políticos reagem a declaração de Eduardo Bolsonaro sobre AI-5 Mais cedo, foi publicada no canal da jornalista Leda Nagle no Youtuba uma entrevista com Eduardo Bolsonaro em que ele relaciona os protestos no Chile e em outros países da América Latina com o Brasil. “Se a esquerda radicalizar a esse ponto, a gente vai precisar ter uma resposta.

E uma resposta pode ser via AI-5, pode ser via uma legislação aprovada através de plebiscito como ocorreu na Itália”, afirmou o filho mais novo do presidente Jair Bolsonaro (PSL).

O Ato Institucional número 5 foi instituído em 1968 e marcou um endurecimento da ditadura militar.

Com o AI-5, o governo militar passou a ter o direito de suspender os direitos políticos de qualquer cidadão e cassar mandatos eletivos federais, estaduais e municipais.

Esta não é a primeira vez que a família Bolsonaro exalta a ditadura militar no Brasil.

Além disso, há dois dias, no plenário da Câmara dos Deputados, Eduardo Bolsonaro elogiou a política do ditador chileno Augusto Pinochet e, ao se referir aos protestos no Chile, afirmou que “se eles começarem a radicalizar do lado de lá, a gente vai ver a história se repetir”.

Eduardo Bolsonaro reiterou declaração Após a reação de Maia e de outros políticos contra a declaração sobre o AI-5, pelo Twitter, Eduardo Bolsonaro voltou a defender a ditadura militar brasileira.

O parlamentar ainda sugeriu a leitura do livro “A Verdade Sufocada - A história que a esquerda não quer que o Brasil conheça”, do coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, militar considerado pela Justiça torturador no período da ditadura militar.

Antes, ele havia publicado um vídeo do voto do pai a favor da admissibilidade do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT).

Jair Bolsonaro exaltou Ustra e elogiou o ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha (MDB-RJ), hoje preso na Operação Lava Jato, pela condução do processo de afastamento da petista.

O presidente foi questionado sobre a declaração do filho em Brasília. “Vai acabar a entrevista aqui, cobre dele.

Quem quer que esteja falando de AI-5 está sonhando”, respondeu, segundo vídeo publicado pelo UOL.

Partidos prometem representação contra Eduardo Bolsonaro Pelo Twitter, o líder da oposição no Senado, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), afirmou que o seu partido vai apresentar uma representação contra Eduardo Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF) e no Conselho de Ética da Câmara.

Nós da Rede Sustentabilidade iremos representar contra o deputado Eduardo Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal e no Conselho de Ética da Câmara por atentar contra as instituições do Estado Democrático de Direito! #DitaduraNuncaMais — Randolfe Rodrigues (@randolfeap) October 31, 2019 A ex-deputada Manuela D’Ávila, do PCdoB do Rio Grande do Sul, afirmou, também pela rede social, que a legenda vai se reunir a outras siglas de esquerda para pedir a cassação de Eduardo Bolsonaro.

Meu partido, o PCdoB, junto com os demais partidos da oposição PSol, PT, PDT e PSB, irão entrar com pedido de cassação de Eduardo Bolsonaro no Conselho de Ética da Câmara e acionar o STF por sua apologia ao AI-5. #DitaduraNuncaMais — Manuela (@ManuelaDavila) October 31, 2019