Por José Paulo Cavalcanti Filho, em coluna publicada na edição desta desta sexta-feira (25) do Jornal do Commercio Lisboa.

Continua coluna indicando frases de Pessoa que valem para nosso Brasil, hoje.

Com pequenos comentários que me permiti fazer, em seguida: HOMEM: “O esforço é grande e o homem é pequeno” (Mensagem – Padrão).

Quando o homem é pequeno, por dentro, nem todo esforço vale a pena.

HONESTIDADE: “Mas é tão difícil ser honesto ou superior!” (Apostila).

Difícil e raro.

ILUSÃO: “A ilusão é mãe da vida” (Primeiro Fausto).

E a vida é mãe de todas as ilusões.

INJÚRIA: “Os homens são sempre mais prontos em retribuir injúrias do que favores, porque retribuir um favor é uma obrigação e retribuir uma injúria é um prazer” (Os preceitos práticos em geral e os de Henry Ford em particular).

Melhores são aqueles capazes de não fazer favores impróprios nem retribuir injúrias.

INVEJA: “Invejo a todas as pessoas o não serem eu” (Livro do desassossego).

Todas as pessoas invejam quem gostariam de ser.

LENDA: “Assim a lenda se escorre/ A entrar na realidade” (Mensagem, Os Castelos).

Nos palácios e nas prisões, pobres lendas.

LUCIDEZ: “Estou hoje lúcido, como se estivesse para morrer” (Tabacaria).

E me sinto morrendo, por estar lúcido.

MÁRTIR: “Onde alguém vê um mártir, outrem verá um louco” (Ideias estéticas).

Por trás de um louco, outrem verá um mártir.

MITO: “O mito é o nada que é tudo” (Mensagem, Ulisses).

O mito é o tudo que é nada.

MORAL: “Para que um homem seja distintivamente e absolutamente moral, tem que ser um pouco estúpido” (Nota solta, sem data).

Pena que haja tão poucos homens estúpidos hoje, na praça.

PASSADO: “O passado não é senão um sonho…” (O marinheiro).

Mas, por vezes, é também pesadelo.

PÁTRIA: “A minha Pátria é onde não estou” (Opiário).

Você é que se perdeu.

A pátria está onde sempre esteve.

PERDÃO: “Não haverá, enfim,/ Para as coisas que são/ Qualquer coisa assim/ Como um perdão?” (Sem título, sem data).

Algumas coisas não merecem perdão.

PRAZER: “Todo prazer é um vício” (Passagem das horas).

Há outros.

Piores.

PÚBLICO: “O público não quer a verdade, mas a mentira que mais lhe agrade” (Nota).

Sobretudo em véspera de eleição.

RICOS: “Respira-se melhor quando se é rico” (Livro do desassossego).

Principalmente quando a grana veio fácil, em malas ou contas no estrangeiro.

SILÊNCIO: “O silêncio é dos Deuses” (Sem título, 10/8/1916).

E dos sábios.