O arcebispo de Olinda e Recife, dom Fernando Saburido, resolveu visitar algumas áreas atingidas na praia de Suape e levar seu apoio às famílias dos pescadores.

O derramamento de óleo no litoral pernambucano afetou não somente a paisagem, mas o sustento da comunidade pesqueira.

Depois da visita, a Arquidiocese de Olinda e Recife disse que quer cobrar ao governo federal maior assistência à comunidade pesqueira e disse que vai mobilizar os fiéis para ajudar e apoiar voluntários e Exército em seu trabalho. “A nossa intenção, enquanto igreja, é estar próximo das pessoas que estão sofrendo, para conhecer suas necessidades e lutar por seus direitos.

Apesar de a água do mar parecer limpa, especialistas dizem que há contaminação por benzeno, prejudicial à saúde se for apresentado em grande quantidade”, disse o bispo.

Acompanhado pelo bispo auxiliar, dom Limacêdo Antonio, e pelos padres Adailton Moura e Josenildo Tavares, dom Fernando conversou com pescadores e pesquisadores “Considero que a ajuda do Governo Federal veio com atraso.

Lamentamos a pouca atenção do Governo, muito lento no processo de ajuda”, disse.

A presidente da Colônia de Pescadores, Gicléa Santos, orientou a visita.

A Igreja Católica buscou destacar que a ida a Suape revelou “mais do que a tristeza”. “Junto com o óleo, veio a solidariedade do trabalho voluntário, que limpou as praias.

Ao ver voluntários ainda em ação, apesar do reforço do Exército, ficou feliz em ver a ajuda da população que não ficou parada, não esperou, não deixou pra depois, pois quem ama se antecipa, tem iniciativa, faz aquilo que o coração aponta”, afirmou on Limacedo.

A moradora do Cabo e integrante do Conselho Pastoral dos Pescadores Laurineide Santana disse que a maior preocupação da comunidade pesqueira agora era a contaminação. “Como vão viver as famílias dos pescadores do Cabo e dos outros municípios?”, indagou.

A aflição é a mesma de Maria da Conceição, marisqueira há 30 anos, que aprendeu o ofício com sua mãe. “Com a pesca parada, acaba o meio de vida da gente.

Agora que o arcebispo conheceu a realidade difícil da comunidade, queremos que ele fale com o governo pra ajudar a todos e não só a algumas pessoas”, afirmou.

Os moradores locais se referem à parcela extra do seguro-defeso que o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento vai liberar para pescadores artesanais em novembro.

Na avaliação da Igreja, o problema é que, ordinariamente, somente os pescadores de lagosta (18 pessoas da comunidade) recebem o seguro.

O Ministério ainda não esclareceu se outros pescadores artesanais (pescadores e marisqueiros) terão o mesmo benefício.

O óleo atinge a costa do Nordeste há mais de dois meses e até agora foram recolhidas mais de 900 toneladas de resíduos de óleo cru nas praias.