O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), criticou o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, em entrevista ao UOL publicada neste domingo (6). “Acho que o ministro Sergio Moro tenta, na estratégia permanente dele, de pressão, acuar as instituições democráticas deste país”, afirmou o parlamentar. “Eu acho que o caso The Intercept prova um pouco disso.
Mas eu acho que ele está aprendendo que a democracia é um valor muito mais importante do que qualquer outro tema”, disse ainda.
A declaração de Maia foi em resposta ao questionamento do UOL sobre a tramitação do pacote anticrime, projeto que já levou a outros embates entre ele e Moro.
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Ele achou que podia marcar a data da votação do projeto e como o projeto iria tramitar.
Ele não foi eleito deputado nem é presidente da Câmara.
Foi só essa questão que eu tentei deixar claro: você é ministro do governo.
O governo encaminha o projeto e cabe ao Parlamento tramitar a matéria”, disse.
O deputado avaliou que o pacote anticrime tem “coisas boas”, mas criticou pontos do projeto.
Para ele, a defesa da prisão em segunda instância “parece mais uma vontade de desgastar” o Congresso e a questão do excludente de ilicitude é muito amplo e “tira a lei dos agentes públicos na área de segurança”.
Foto: Antonio Cruz/ Agência Brasil Maia evitou opinar sobre a campanha publicitária sobre o pacote anticrime. “Se for explicando os temas, mostrando os índices, os problemas do Brasil, como na Previdência, pode ser que tenha sua validade.
Mas, se for mais uma pressão, aí é um viés um pouco autoritário e ruim porque é uma certa interferência”, afirmou.
Lava Jato O presidente da Câmara também criticou os procuradores da força-tarefa da Operação Lava Jato, a quem classificou como “o grupo do entorno do ministro Moro”. “Naquelas dez medidas (anticorrupção), nós rejeitamos a prova ilícita de boa-fé.
Hoje eles criticam a prova ilícita de boa-fé no caso do Intercept.
Você vê como são dois pesos e duas medidas.
Se nós tivéssemos feito o que eles gostariam lá atrás, hoje eles seriam réus, não seriam procuradores e não seria ministro da Justiça.
Então você vê como como a lei precisa valer para todos, inclusive para eles”, afirmou ao UOL.