Por Dani Portela, candidata ao governo de Pernambuco nas eleições de 2018 pelo PSOL Nos enredos de uma história: o Psol como instrumento de luta Essas linhas falam um pouco de mim e de porque eu me filiei a um partido político.
Sou Dani Portela e como vocês sabem, fui candidata a governadora do estado de Pernambuco nas eleições de 2018, pelo PSOL.
Contudo, o que muitos não sabem é que eu fui uma jovem anarquista, que resistiu por muito tempo a obrigatoriedade do voto, nas inúmeras campanhas que fiz pelo voto nulo consciente.
Sempre fui muito questionadora, imersa em ideais revolucionários de mudar o mundo.
Me lembra Legião Urbana e a pergunta que surge: QUEM roubou nossa coragem?
Minhas inquietações e luta por justiça social, me levaram a ser alfabetizadora de adultos pelo método Paulo Freire, contadora de histórias no Hospital do Câncer, missionária de uma igreja evangélica, me conduziram para história, arqueologia, filosofia e Direito.
Uma busca incessante por colocar todo o saber que eu adquirisse a serviço de mudanças estruturais na sociedade em que vivemos.
Mudanças, rupturas, revoluções e transformações profundas.
Fui crescendo e entendendo que muitas vezes o ritmo e o tempo histórico são outros.
Aprendi a compreender que muitas mudanças são abruptas e tantas outras, são lentas e graduais.
Minha revolução foi assim!
Depois de experimentar movimentos filantrópicos, Igreja, Universidade, movimentos sociais, senti a necessidade de acessar um outro instrumento de luta: um partido politico.
Isso é novo para mim.
Em meados de 2016, meu pai num leito de UTI, indo embora…entrou em coma no dia da fatídica votação do impeachment da ex-presidenta Dilma Rousseff.
Logo ele, ex preso político dos anos de chumbo da ditadura militar brasileira, meu grande informante político, não assistiu os rumos que nosso país tomaria pós golpe.
Senti uma mistura incompreensível de dor e alívio por ele, meu velho pai, não ver o futuro detentor da faixa presidencial, subir ao plenário e reverenciar um dos piores torturadores da história, que infelizmente não foi só o pavor da nossa então presidenta.
Naquele momento, decidi que me aproximaria de um partido político.
Mas qual?
Trazia algumas certezas comigo, espécies de convicções indissociáveis à escolha.
Um partido de esquerda, óbvio!
Socialista.
Combativo.
Coerente.
Passei a observar figuras como Marcelo Freixo, Ivan Valente, Glauber Braga, Jean…conheci as nossas mulheres incríveis, Marielle, Talíria, Erica Malunguinho, Áurea Carolina, Mônica Francisco, dentre outras.
As pautas que defendiam eram importantes para mim, a defesa da autonomia dos nossos corpos e a luta pela vida das mulheres, a luta antirracista, o feminismo negro e suas inúmeras intersecções, o antiprobicionismo, as lutas LGBTQ+, costurando todo esse enredo, intercalando os extratos dessas lutas, a defesa democrática como princípio central.
Em 2017, tentando compreender a estrutura desse instrumento, descubro que temos paridade de gênero nas instâncias de tomadas de decisões.
Isso foi crucial na minha escolha, um partido onde eu teria voz e vez.
Onde não seria silenciada ou invisibilizada.
Essa decisão provocou uma mudança na minha vida, pois me levou a disputar e propor uma outra forma de fazer política, rompendo com a lógica ultrapassada e oligárquica das nossas “capitanias hereditárias politicas” de Pernambuco.
Mostrar que não preciso ser filha ou neta de alguém, para apresentar um projeto que seja abraçado por tantas pessoas.
As flores que sempre trago em mim, lembram que a Primavera sempre há de chegar e que dias melhores virão.
Não me arrependo.
Muito pelo contrário, tenho um orgulho danado de estar militando ao lado do nosso vereador Ivan Moraes e das nossas codeputadas das Juntas.
Junto com Eugênia, Paulo Rubem e tantos outros.
Ao lado de tantas mulheres fortes, que me inspiram cotidianamente.
Vamos seguir em frente, 2020 nos espera, muitas lutas a travar, com socialismo e liberdade, sempre!