Uma consulta inédita divulgada nesta quinta-feira pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), com 685 empresas do setor, mostra que as empresas estão contratando menos caminhoneiros autônomos desde que a tabela entrou em vigor, há um ano.
De acordo com a entidade, a tabela obrigatória do frete levou as empresas da indústria a buscarem alternativas viáveis para o transporte de suas cargas. “A solução mais comum foi o aumento de uso de frota própria.
Das empresas consultadas, 18% disseram ter aumentado o uso de veículos próprios, em comparação com o cenário pré-greve dos caminhoneiros, em maio de 2018”, informa a CNI. “Apenas 3% disseram ter reduzido, o que resulta em um saldo positivo de 15 pontos percentuais.
Para as empresas, em um cenário de tabelamento a utilização de caminhões próprios acabou significando redução de custos e de insegurança jurídica”, explica a entidade. “O levantamento mostra que a política de preços mínimos significou perda de demanda para os autônomos.
Os dados mostram que 16% das empresas industriais reduziram a contratação desses profissionais, 9 pontos percentuais a mais do que os 7% de empresas que passaram a contratá-los.
O saldo também é negativo para as cooperativas, com mais empresas afirmando que reduziram as contratações em relação às que passaram a contratar mais”, explica a CNI.
Problemas com formalização Segundo a pesquisa da CNI, a falta do CNPJ (necessário para a emissão nota fiscal à empresa contratante) é a principal dificuldade apontada pelas empresas para a contratação de profissionais que trabalham por conta própria: aparecendo em 57% das respostas.
Em seguida, como maiores problemas, aparecem a falta de segurança (como ausência de mecanismos de rastreio, seguro e escolta), apontado por 53% dos entrevistados, além dos encargos trabalhistas (35%).
Os custos subiram e foram repassados De acordo ainda com o estudo da CNI, um ano após a instituição da tabela obrigatória, a política de preços mínimos continua a impactar as contas do setor produtivo.
De acordo com as empresas consultadas, o preço médio do frete está 11% acima do patamar anterior tabelamento do frete.
Na primeira consulta, realizada em agosto de 2018, o aumento médio por conta do tabelamento estava em 12%. “O aumento do custo do frete impactou os preços dos produtos finais que estão, em média, 5% maiores, no caso das empresas consultadas.
Enquanto 18% das indústrias entrevistadas afirmam que o preço do frete se manteve inalterado a partir da tabela, 47% relataram preços até 15% maiores e 24% das empresas consultadas dizem ter arcado com aumentos superiores a 15%.
Para 11% da amostra, o valor pago ao caminhoneiro cresceu mais de 30%.”, diz a pesquisa.
Sem ter opção de onde escoar O trabalho mostra ainda, a falta de modais de transporte alternativos para as indústrias escoarem sua produção.
A consulta mostra que as empresas ouvidas são amplamente dependentes do modal rodoviário.
Passado pouco mais de um ano da implantação da tabela, apenas 17% começaram a usar ou aumentaram o uso de outros modais, como a cabotagem (15%), o transporte hidroviário (1%) ou o ferroviário (3%).