Em discurso na sessão do Congresso Nacional desta terça-feira (24), o líder do governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), criticou a operação da qual foi alvo na última quinta (19). “Se os fatos remontam ao ano de 2014, por qual motivo incluir o gabinete da liderança entre os locais da busca senão impor ao governo Bolsonaro um constrangimento?”, questionou na tribuna.

A ação da Polícia Federal foi autorizada pelo ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF).

O cumprimento de mandados de busca e apreensão no Senado gerou reação do presidente da Casa, Davi Alcolumbre (DEM-AP). “Está claro que fui vítima de uma operação política articulada para atingir o Congresso e o governo Bolsonaro, do qual tenho a honra de ser líder”, disse Fernando Bezerra Coelho. “A presença da Polícia Federal no gabinete da liderança é uma afronta, um atentado contra independência dos poderes”.

LEIA TAMBÉM » Bolsonaro deve decidir cargo de FBC no governo depois da votação da Previdência » Veja o relatório da PF que levou à operação no gabinete de Fernando Bezerra Coelho » PF diz que FBC e Fernando Filho receberam R$ 5 milhões ilegais » ‘Governo vai aguardar os acontecimentos’, diz Onyx sobre FBC » ‘Tomei a iniciativa de colocar à disposição o cargo de líder do governo’, diz FBC » Operação da PF no Congresso mira FBC e Fernando Filho “Não podemos esquecer que essa operação ocorre no momento em que o Senado avança com a agenda econômica e está na iminência de votar a reforma da Previdência”, afirmou ainda o senador. “Me parece que essa operação é deliberadamente uma tentativa de reavivar velhas práticas criminalizar a política, como se não fosse a política o único caminho para solucionar os problemas do país.

Merece, sim, a contundente reação desta Casa.

O Brasil precisa sair do atoleiro econômico e se distanciar do passado, em que os equívocos acabaram por mergulhar o país numa crise institucional”.

Para FBC, a operação foi um “ato flagrantemente inconstitucional” e classificou a decisão de Barroso como um “abuso”.

O parlamentar enfatizou que o Ministério Público Federal (MPF) foi contrário ao pedido da PF para fazer as apreensões no gabinete. » PSB pagaria locação de avião de Eduardo Campos após registro de empresa, diz delator » Em delação, dono de avião diz que usou obras federais para ‘propina’ a Eduardo Campos » Turbulência: MPF diz que Eduardo Campos era ‘cliente’ de esquema operado por denunciados » Alvo da Operação Turbulência, comprador de avião de Eduardo Campos caiu em contradição ao depor em inquérito da Lava Jato » Odebrecht tentou pagar propina a Eduardo Campos por conta na China, diz delator » Delator da Odebrecht diz que entregou propina a Aldo Guedes através de dono de avião usado por Eduardo Campos A investigação da PF apura supostas irregularidades em obras da transposição do Rio São Francisco e do Canal do Sertão, no período em que o emedebista era ministro da Integração Nacional do governo Dilma Rousseff (PT).

O inquérito foi aberto com base no conteúdo de delações premiadas no âmbito da Operação Turbulência, que apurou a compra do avião usado pelo ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos (PSB), que era aliado de Fernando Bezerra Coelho.

O socialista morreu em 2014, na queda da aeronave, durante a sua campanha presidencial.

FBC negou irregularidades. “Pela ausência de elementos comprobatórios, terá o mesmo destino de outras acusações que enfrentei: o arquivamento, inclusive por força de decisão do Supremo Tribunal Federal.

Que fique claro, senhores parlamentares: não temo as investigações.

Digo com veemência que jamais excedi os limites impostos pela lei e pela ética”, afirmou o senador.