Do Congresso em Foco - Criada para apurar denúncias de utilização das redes sociais para difamar candidatos nas eleições presidenciais de 2018, a CPI das Fake News deve entrar em ebulição nas próximas semanas.
O presidente da comissão parlamentar mista de inquérito, senador Angelo Coronel (PSD-BA), diz que o vereador Carlos Bolsonaro (PSC), filho do presidente Jair Bolsonaro, será convocado pela CPI.
Ele acusa ainda o PSL de agir nos bastidores como “se tivesse culpa no cartório”. “O presidente não cansa de dizer que o filho foi responsável por suas redes sociais.
Como tem processo aberto no TSE das eleições de 2018, nada como o próprio Carlos vir para dizer se houve irregularidade”, disse o senador ao Congresso em Foco. “Precisamos ouvir todos os atores das redes sociais que podem ter influenciado as eleições.
Não é importa se é filho ou pai de alguém.
A lei tem de ser para todos.
Não vou pender para o governo nem para a oposição”, acrescentou.
O senador avisa que mandará prender em flagrante delito por falso testemunho quem “faltar com a verdade” no colegiado.
O Congresso em Foco não conseguiu contato com o vereador, atualmente licenciado do mandato.
Coronel afirma que Bolsonaro não pode ser alcançado diretamente pela CPI, mas pode sofrer os efeitos das conclusões da comissão se o Tribunal Superior Eleitoral constatar que houve irregularidades em sua campanha.
A CPI já convocou representantes no Brasil do WhatsApp, do Facebook, do Instagram, do Google, do Youtube e do Twitter.
As empresas terão de explicar, entre outras coisas, como foram feitos e quem pagou disparos maciços de conteúdo.
O presidente da CPI critica a tentativa de representantes do PSL, como o senador Flávio Bolsonaro (RJ), irmão de Carlos, e os deputados Filipe Barros (PR) e Caroline de Toni (SC) de adiar os trabalhos.
No mês passado Filipe foi ao Supremo Tribunal Federal (STF) para impedir as investigações.
A comissão tem como relatora a senadora Lídice da Mata (PSB-BA). “Eles tiveram a postura de quem tem culpa no cartório, tentaram adiar o início das investigações, protelar, não votar requerimento.
Não entendo o porquê.
A CPI não tem rótulo para investigar A, B ou C. É para investigar o uso criminoso das redes sociais.
Não sei por que temem”, criticou.
Segundo Angelo Coronel, a CPI também vai avançar com propostas para aperfeiçoar a legislação sobre as redes. “Esta CPI não vai acabar em pizza.
Precisamos legislar sobre o que fazem com nossos dados nas redes sociais.
Vendem nossas informações sem nos pedir autorização.
Eles sabem tudo da nossa vida privada.” Engenheiro e empresário, Coronel exerce seu primeiro mandato federal desde fevereiro.
O senador foi prefeito de Coração de Maria (BA), município de 30 mil habitantes, e deputado estadual por três legislaturas.
Também presidiu a Assembleia Legislativa baiana.
De acordo com o Congresso em Foco, no Senado tem adotado postura de independência em relação ao governo.
No estado é aliado do governador Rui Costa (PT).
Veja a entrevista do senador ao Congresso em Foco: