Neste final de semana, nos dias 14 e 15 de setembro, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) promete iniciar o acampamento da resistência em defesa do Centro de Formação Paulo Freire, em Caruaru.
A mobilização é uma resposta à ordem de despejo dada pela Justiça Federal ao centro de formação, localizado no Assentamento Normandia.
O pedido de reintegração de posse foi feito pelo Instituto Nacional da Reforma Agrária (Incra) em 2008, mas só foi julgado em 2017, quando o Supremo Tribunal de Justiça (STJ) deu ganho de causa ao instituto.
No último dia 5, o cumprimento urgente do despejo foi determinado pelo juiz da 24ª Vara Federal. “Mostrar resistência e reafirmar a importância do Centro de Formação Paulo Freire.
Esse é o objetivo do acampamento que deve receber cerca de 2 mil pessoas no município do Agreste pernambucano.
Famílias acampadas e assentadas de todo estado firmarão uma vigília contra o despejo do centro, que será permanente, já que o prazo dado pela Justiça para saída espontânea do MST está marcado para o próximo dia 19.
São esperados, também, militantes de movimentos sociais e de organizações do campo e da cidade”, disse o MST.
O acampamento começará a ser firmado na manhã do sábado e um ato político está previsto para as 17h do mesmo dia.
Há uma programação política, cultural e religiosa organizada para todo o final de semana, que conta com caminhadas, shows e vigílias em defesa do centro.
Na última segunda-feira, o dirigente nacional do MST, Jaime Amorim, anunciou o acampamento. “Nós vamos organizar os assentados que estejam dispostos e faremos de Normandia um processo de luta importante”, afirmou.
Essa semana, o MST recorreu judicialmente sobre a decisão da Justiça Federal. “Desde que tomou conhecimento do cumprimento da ordem de despejo, o movimento tem se mostrado disponível para o diálogo, mas afirma que não aceitará retrocessos nos trabalhos desenvolvidos pelo Centro de Formação Paulo Freire, que tem se consolidado como referência na expansão da agroecologia em Pernambuco”.
Antes disto, parlamentares da bancada de esquerda como João Paulo e Isaltino Nascimento, divulgaram um manifesto. “O coletivo formado por parlamentares de Pernambuco vem prestar solidariedade ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) na defesa do Assentamento Normandia e do Centro de Formação Paulo Freire (CFPF).
Durante esse processo de luta, os/as parlamentares estarão mobilizados/as e à disposição para contribuir contra a ação de despejo”. “O Centro de Formação Paulo Freire, criado há 20 anos dentro do Assentamento Normandia na cidade de Caruaru, é uma referência de educação popular na região e no país.
O espaço nasceu sob o apoio do próprio Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA).
Hoje o trabalho realizado no CFPF capacita assentados/as, trabalhadores/as e estudantes, além de dar suporte a prefeituras do interior de Pernambuco, incentivar a economia local e realizar importantes parcerias com instituições de ensino.” “Pela importância do trabalho desenvolvido no Centro, os/as parlamentares resolveram unir-se num amplo movimento político em Pernambuco.
O objetivo é evitar a ação de despejo promovida por parte do Governo Federal.
Afirmamos estar dispostos/as a mediar todo o processo de diálogo e a defender a sede do referido centro no assentamento Normandia, uma vez que o espaço só contribui na formação de pessoas e na geração de emprego e renda na região do Nordeste.”