Por Luciano Siqueira (PCdoB), vice-prefeito do Recife, em artigo enviado ao Blog Nada verdadeiramente importante muda bruscamente.

Sempre antecede um processo cumulativo em que vários fatores confluem numa mesma direção até que haja a desejada mudança de qualidade.

Assim ocorre na gestação de oportunidades e instrumentos na luta política.

No sombrio cenário que assinala a cena nacional, dois elementos surgem como focos de luz que animam a resistência democrática.

O lançamento, no último dia 2, do manifesto “Direito Já – Fórum pela Democracia”, com respaldo em amplo leque de correntes políticas, segmentos sociais e personalidades representativas.

E os números da última pesquisa Datafolha, que indicam reduto de apenas 12% da população na constituição do “núcleo duro” de apoio a Bolsonaro.

Ou seja, o capitão e seu governo tendem ao isolamento.

E como pano de fundo o agravamento da crise econômica e social, incrementado pela insistência do governo no receituário ultraliberal.

Num país de economia frágil e ainda dependente dos centros externos, a ausência de investimento público em infraestrutura e na promoção de políticas compensatórias funciona como fator de permanente agravamento do drama social.

Bolsonaro é sua equipe econômica pretendem travar o Estado em 2020 ao determinarem, na proposta orçamentária enviada ao Congresso, que as despesas com custeio e investimentos no ano que vem devem ficar no patamar mínimo histórico.

Isto quer dizer o aprofundamento gradativo do verdadeiro fosso que distancia o governo das expectativas e necessidades da maioria da população.

A insatisfação popular tende a crescer e a adiante se converter, se adequadamente estimulada por uma conjugação de forças ampla e unitária, em resistência organizada.

Que assim seja.