Os produtores de cana estão revoltados com o governo Federal. “Ao invés de a partir deste mês o governo federal voltar a cobrança de 20% do etanol anidro importado dos EUA e dos demais países de fora do Mercosul, revolveu liberar mais e sem contrapartidas em favor do produtor nacional.

Nem mesmo o açúcar brasileiro poderá entrar no país estadunidense com a mesma facilidade ofertada, conforme era o pleito da Federação dos Plantadores de Cana do Brasil (Feplana) e da Novabio – entidade que representa as usinas do NE, parte do Centro-Oeste e do Norte do País”, reclamam.

Pela decisão do governo, publicada domingo na Portaria 547 do Ministério da Economia, a cota de isenção de imposto do etanol estrangeiro subiu de 600 milhões de litros para 750 milhões de litros por mais um ano, enquanto a cota do açúcar do Brasil para entrar nos EUA continua bem menor, só 177,75 mil ton. “Qual será a contrapartida que o governo nós apresentará para refazer as consequências danosas dessa medida para toda a cadeia produtiva sucroenergética nacional?”, perguntou Alexandre Andrade Lima, presidente da Feplana, órgão que representa 60 mil fornecedores de cana no Brasil.

Lima, que preside a Câmara Setorial da Cadeia Produtiva da Cana no Ministério da Agricultura, diz que a 1ª deliberação deste grupo este ano foi, por unanimidade, o fim da cota de isenção do etanol estrangeiro, acolhido e defendido pela ministra da pasta, Teresa Cristina. “A antiga cota de 600 milhões de etanol dada aos estrangeiros já vinha provocando prejuízos a cadeia sucroenergética nacional, sobretudo no mercado do NE, onde 90% das importações têm sido comercializadas, em concorrência desleal com o etanol local, este que não é subsidiado pelo governo brasileiro, como é o etanol de milho dos EUA”, afirma Lima.

A Feplana disse que os produtores até aceitavam a prorrogação da isenção por um tempo menor que um ano ou até zerá-lo totalmente, mas, desde que os Estados Unidos oferecessem as mesmas condições para o açúcar do Brasil entrar no mercado interno deles. “Esperamos que algo seja feito”.

Ainda com a cota de 600 milhões de etanol, de janeiro a julho deste ano, já entrou no Brasil 982,82 milhões de litros de etanol anidro, destes, 920,61 milhões somente oriundo do país do presidente Donald Trump.

Quase a totalidade desse volume foi comercializado só no NE. “Se não houver nenhuma contrapartida, ampliar a cota do etanol dos EUA sem nada em troca vai de contra o nosso produtor, em especial contra os 23 mil canavieiros do Nordeste e de seus 250 mil trabalhadores, bem como todas as usinas produtores de etanol na região.

Contraria ainda a cadeia produtiva do Centro-Sul que também fornece ao mercado do NE”, disse Lima.