O especialista em varejo Carlos Ferreirinha, em palestra no evento RioMar com o Mercado, nesta quarta-feira, no Recife, exortou as pessoas a trabalharem com a ideia de que não existe mais limites entre o físico e o digital e que esta orientação pode ser um importante diferencial competitivo, no varejo moderno. “O que já deveríamos saber?

Como devo fazer o uso das redes sociais, pois não faz mais sentido perguntar se tem relevância.

Tenho que ter uma estratégia para Instagram?

Nós estamos ou não fazendo.

Pois não tem mais diferença entre o físico e o digital.

O cliente não enxerga mais.

O modelo antigo já está morto.

O ciente é que decide o canal que vai usar”, afirmou.

O consultor arrancou gargalhada da plateia ao citar que, em Nova York, há lojas contratando funcionário apenas para cuidar da melhor apresentação de produtos, sejam os mais simples deles. “Tem alguém fazendo isto com cenoura, p….?

Se tá bom para ser fotografado.

A cenoura está bem exposta? “Tudo hoje é uma questão de conveniência, está ao alcance de um click”, afirmou, citando aplicativos para vários serviços e produtos.

Ferrerinha defende que as fotografias hoje são protagonistas das vendas e criaram um conceito chamado instagramabilidade. “Em Nova York, já há a imagem de uma loja famosa cuja imagem na fachada é mais postada do que a imagem da Estátua da Liberdade.

Por uma razão simples, o monumento tem hora para fechar.

A fachada da loja fica lá a madrugada toda (com ganhos para a marca)”, compara.

Em um exemplo hipotético, Ferreirinha citou casos de restaurantes. “Eles deviam estar treinando os garçons para fazer boas fotos e melhorando a luz (para ajudar nas fotos).

As imagens são protagonistas, trata-se de uma chance mercadológica ou de sofrimento.

Cabe ao varejista escolher”, disse.

O especialista arriscou um palpite, quase uma análise sociológica, para esta nova realidade do mercado. “Estamos lendo cada vez menos e somos mais impactados pelas imagens.

Temos mais fotos com o Instagram e menos facebook, com seus textões que exijem mais paciência.

A migração pode ter esta explicação”.

Na palestra, Carlos Ferrerinha defendeu que temos que reformatar a forma que olhamos para as coisas. “Qual a razão de todos os banheiros terem o mesmo padrão, a mesma cor?

Em uma loja, não poderia ter um rosa?”, afirmou, antes de citar a questão da diversidade. “Deixem de lado este surrealismo abstrato (no brasil).

A diversidade está matando.

Nos Estados Unidos, uma da smaiores redes de lojas fechou um dia inteiro para treinar os funcionários para como lidar com o tema da diversidade.

O mal tratamento afasta clientes”, disse. “Precisamos estimular as pessoas a perceberem isto.

Os clientes que se relacionam conosco precisam sair tocados.

Não haverá mais espaço apenas para vender produtos u serviços.

O varejista terá que ter um código de existência.

Qual o seu propósito?

Precisa estar claro o propósito”, defendeu.

No que toca aos empresários, aos executivos, sobre o papel que se espera deles, Carlos Ferreirinha disse que a liderança precisa ser ágil e retomar a capacidade de mudança. “Não pode ficar apenas no corte de custo, custo, custo.

A velocidade de mudanças agora é opressora.

Testem e errem, e testem novamente”.

Uma das sugestões para garimpar informações para a estratégia dos negócios é a coleta de dados, apresentada como o novo petróleo.

O cliente está no centro da informação.

Ele acredita que o consumidor vai comprar menos coisas e usar por mais tempo.

Na palestra, ele citou o caso de uma grupo internacional que ingressou no Brasil pela compra de um site de artigos de luxo.

Eles compraram o site ou a base de dados?

Os clientes já estavam no site.

Qual o valor da base de dados dos clientes de vocês”, perguntou. “Não há mais espaço para quem não se dedica ao digital.

Precisamos ser impactados no online para vir a loja física, ao shopping.

Com as nova geração espera-se que haverá uma ruptura da forma de consumo nos próximos anos”.

Nesta hora, o especialista citou uma marca americana com uma imagem centenária que teve a ousadia e a coragem de jogar a logo fora porque ela não dialogava com os mais jovens. “Uma marca de maquiagem e produtos de beleza internacional foi buscar em uma cantora pop, identificada como um gueto, inspiração para a segunda maior venda.

Precisamos olhar para outras categorias, de forma diferente”