Para tentar impedir o prosseguimento das obras do projeto Novo Recife, no Cais José Estelita, o Ministério Público Federal (MPF) entrou com dois novos recursos.
Um deles é para o Tribunal Regional Federal da 5ª Região (TRF-5) e o outro para o Supremo Tribunal Federal (STF), mas, para prosseguir para a instância superior, precisa ser aprovado na Corte local.
Em 2017, o tribunal decidiu pela legalidade do leilão que vendeu a área do pátio ferroviário das Cinco Pontas, no Cais José Estelita, para o Consórcio Novo Recife.
Os desembargadores decidiram por unanimidade derrubar a sentença da 12ª Vara Federal, que havia anulado o leilão e impedido a prefeitura de continuar o licenciamento da obra.
O procurador Domingos Sávio Tenório de Amorim já havia entrado com o recurso no ano passado, mas ele foi negado pelo vice-presidente do TRF-5, Rubens Canuto.
O desembargador aceitou apenas um segundo agravo, que seguiu para o Superior Tribunal de Justiça (STJ).
Domingos Sávio apontou “obscuridade do acórdão (do TRF-5, reconhecendo a legalidade do leilão) no aspecto que diz respeito ao fato de o processo haver sido relatado pelo Juiz Auxiliar Ivan Lira de Carvalho, que realizou o julgamento tomando o lugar, ainda que de forma consentida, do desembargador Edilson Nobre, estando esse em pleno exercício da jurisdição”.
O procurador afirma ainda que o projeto Novo Recife pode ser prejudicial a bens tombados nos bairros de São José e Santo Antônio.
Além disso, enfatiza que não foram analisados pareceres sobre isso emitidos pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), pela Universidade Católica de Pernambuco (Unicap) e pelo Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU).
Leilão O consórcio responsável pela construção é formado por quatro empresas: Ara Empreendimentos, GL Empreendimentos, Moura Dubeux Engenharia e Queiroz Galvão.
O grupo comprou por R$ 55 milhões a área dos antigos armazéns, que pertencia ao espólio da Rede Ferroviária Federal, em leilão realizado em 2008, que foi questionado pelo MPF.
Depois que a Operação Lance Final, deflagrada pela Polícia Federal em outubro de 2015, apontou fraude na compra do terreno, a Justiça Federal anulou o processo.
O Tribunal Regional Federal da 5ª Região (TRF5) suspendeu essa decisão um mês depois.
Em junho de 2016, entretanto, o juiz federal titular da 1ª Vara, Roberto Wanderley, reafirmou a sentença, retomando a anulação do leilão, decisão revogada pelo TRF5.
Demolição do Cais José Estelita O Consórcio Novo Recife iniciou a demolição dos galpões na área do Cais José Estelita em março.
Essa é a primeira etapa de obras do projeto.
Inicialmente será feita a requalificação urbana para abrir o sistema viário no local, o que deve durar quatro anos e meio.
Esta foi a segunda tentativa.
A primeira demolição dos armazéns para erguer os prédios começou há quase cinco anos, na noite de 22 de maio de 2014.
Ativistas acamparam no local para impedir a ação, que foi suspensa devido à mobilização.
A ocupação terminou pouco menos de um mês depois, uma ação de reintegração de posse em que a Polícia Militar foi acusada pelos manifestantes por uso de violência.
Novos protestos foram realizados, inclusive em frente ao prédio onde mora o prefeito Geraldo Julio (PSB), na Zona Oeste da cidade, e à prefeitura, no Centro.
Projeto Novo Recife A proposta inicial era de construir 12 torres, entre residenciais e empresariais, de até 40 andares.
Porém, após protestos, tomou uma nova configuração, aprovada pelo Conselho de Desenvolvimento Urbano (CDU) no fim de 2015 e questionada na Justiça pelo Ministério Público Federal (MPF).
Mas o que prevê o plano atual?
Serão 13 prédios, que variam de 12 a 38 andares, também com unidades variadas.
De acordo com as empreiteiras, do total, haverá dez edifícios residenciais, um hotel com com 308 leitos, um empresarial e um misto, com flat e empresarial.