A Procuradoria da República em Campos dos Goytacazes (RJ) denunciou o delegado aposentado do Departamento de Ordem Política e Social (Dops) Cláudio Antônio Guerra, de 79 anos, por ocultação e destruição de cadáveres.
Guerra afirmou ter transportado, durante a ditadura militar, os corpos de 12 presos por agentes do regime para que fossem incinerados em fornos da Usina Cambahyba.
Entre eles, segundo o ex-delegado, estava o pernambucano Fernando Santa Cruz.
A denúncia foi apresentada no último dia 24, pelo procurador Guilherme Garcia Virgílio, mas veio a público nesta quinta-feira (1º), após as declarações do presidente Jair Bolsonaro (PSL) contra Santa Cruz.
Para atacar o filho de Fernando, Felipe Santa Cruz, que é presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Bolsonaro afirmou que poderia contar como ele morreu.
Além disso, acusou militantes da Ação Popular, movimento da qual o pernambucano fazia parte, de matá-lo, em um “justiçamento”.
Documentos oficiais apontam que ele foi assassinado por agentes do Estado.
Foto: José Cruz/Agência Brasil - Foto: José Cruz/Agência Brasil Foto: José Cruz/Agência Brasil - Foto: José Cruz/Agência Brasil Foto: José Cruz/Agência Brasil - Foto: José Cruz/Agência Brasil Foto: José Cruz/Agência Brasil - Foto: José Cruz/Agência Brasil O procurador que fez a denúncia contra Cláudio Guerra apontou que, em diversos depoimentos, o delegado aposentado reconheceu ter levado o corpo de Fernando Santa Cruz para ser incinerado.
Para Guilherme Garcia Virgílio, a Lei de Anistia não se aplica. “A referida lei trata de crimes com motivação política e não preenche requisitos de conexão”, afirma na denúncia. “O (re)conhecimento da própria história (patrimônio histórico-cultural) é um direito inalienável, bem como que o desaparecimento forçado de pessoas afronta normas constitucionais inseridas nas diversas constituições que se sucederam nas últimas décadas”, afirma ainda o procurador no texto.
Bolsonaro As declarações de Bolsonaro contra Fernando Santa Cruz começaram na última segunda-feira (29).
Primeiro, a jornalistas, o presidente afirmou que, “se um dia o presidente da OAB quiser saber como o pai dele desapareceu no período militar, eu conto para ele”.
Horas depois, o presidente fez uma transmissão ao vivo pelo Facebook, enquanto cortava o cabelo, e acusou a Ação Popular de matá-lo.
Felipe Santa Cruz protocolou um pedido de explicações no Supremo Tribunal Federal (STF) sobre as declarações de Bolsonaro, nessa quarta-feira (31).
Em entrevista à Rádio Jornal, o presidente da OAB criticou o presidente. “O presidente da República está flertando, namorando a ideia do autoritarismo. É uma reflexão que todos nós, democratas, temos que ter”, afirmou. ?
MPF denuncia delegado que disse ter transportado corpo de Fernando Santa Cruz from Portal NE10