O tema polêmico será objeto de um belo artigo no Jornal do Commercio, nesta sexta-feira, em sua coluna semanal.

Mas já há aperitivos na praça.

O CBN Brasil conversou com o advogado José Paulo Cavalcanti Filho, ex-ministro da Justiça e membro da Comissão da Verdade.

Em pauta, o trabalho do grupo após as declarações do presidente Jair Bolsonaro, que, entre outras coisas, classificou as investigações da Comissão de ‘balela’.

O jurista comentou o mecanismo de ação da Comissão.

Ele destacou que grande parte dos documentos da época foi incinerada, o que serviu de argumento para os militares dizerem que não há provas de muitos fatos registrados durante a ditadura. ‘A suspeita é de que ainda haja alguns arquivos.

Mas só saberemos disso quando todos já estiverem mortos’.

O ex-membro da Comissão diz que há muito material da Biblioteca Nacional que escapou à queima. ‘Fizemos o trabalho que pudemos fazer, com muito orgulho’, afirmou Cavalcanti.

Ele explicou que um trabalho minucioso de vasculhamento dos documentos da época da ditadura foi realizado.

O jurista destacou os detalhes de investigação sobre o militante de esquerda Fernando Santa Cruz, pai do presidente da OAB desaparecido durante a ditadura.

Bolsonaro disse que Fernando não foi morto pelos militares e sim por guerrilheiros. ‘Fernando não tinha o perfil típico dos perseguidos pela ditadura.

Tinha emprego e residência fixa.

E não há ligação dele com luta armada.

O que se sabe é que estava junto com Eduardo (militante de esquerda) no dia da prisão deste’.

O entrevistado diz, ainda, que a versão da Comissão da Verdade é a mais fiel possível da realidade da época, ao contrário do que insinua o presidente brasileiro. ‘Por que não contamos os dois lados?

Porque o tempo não permitiria’, argumenta, ponderando que a história dos ‘vencedores’, no caso dos autores do golpe militar, já estava contada nos jornais. ‘Faltava a história dos vencidos, que ainda não tinha sido contada.

Isso com muito critério e esforço, um trabalho de que a gente muito se orgulha’.