O presidente Jair Bolsonaro (PSL) voltou a criticar a Agência Nacional do Cinema (Ancine) em uma transmissão ao vivo feita nas suas redes sociais na noite desta quinta-feira (25).

Ao comentar a aprovação de um projeto do cineasta Josias Teófilo para captar R$ 530,1 mil para fazer o filme “Nem Tudo Se Desfaz”, sobre a eleição dele, afirmou que, com essa decisão, aumentou a intenção de extinguir a instituição.

Bolsonaro criticou o fomento a filmes sobre políticos. “Não podemos concordar com isso aí”, afirmou. “Vamos buscar a extinção da Ancine.

Não tem nada que o poder público possa se meter em fazer filme.

O Estado vai deixar de patrocinar filme”.

O filho mais novo do presidente, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL) comemorou pelo Twitter a produção do documentário sobre o pai.

Vem aí o documentário para impedir que a esquerda siga com a hegemonia cultural dizendo para o mundo o que é verdade no Brasil, pois sabemos que não é. @josiasteofilo @nemtudosedesfaz pic.twitter.com/o2zQkUgZJy — Eduardo Bolsonaro?? (@BolsonaroSP) 16 de julho de 2019 Na semana passada, o presidente já havia feito declarações contrárias à agência, citando o filme Bruna Surfistinha.

Bolsonaro decidiu transferir a direção da Ancine do Rio de Janeiro para Brasília e o Conselho Superior de Cinema do Ministério da Cidadania para a Casa Civil.

Filme sobre Bolsonaro Diretor do documentário “O Jardim das Aflições” (2017), sobre o filósofo Olavo de Carvalho, Josias Teófilo conseguiu a aprovação na Ancine para captar recursos para um filme cujo nome era “Sinfonia Nº2”, título que depois foi alterado para “Nem tudo se desfaz”.

A aprovação para captação foi publicada no Diário Oficial no dia 31 de maio deste ano.

O filme, segundo o diretor, está em fase de produção.

Foto: Matheus Bazzo/Divulgação Em nota, a agência enfatizou que “vale lembrar que essa aprovação não significa que a Ancine está aportando recursos no projeto.

Ela representa somente um reconhecimento de que ele reúne as condições para buscar recursos junto a empresas e instituições no mercado.

Nesse processo, quem faz a seleção e a curadoria dos projetos são justamente essas empresas e instituições, que aportarão recursos nas obras de sua escolha, em troca de benefícios fiscais previstos na Lei.

O projeto acima citado ainda não captou recursos”.

Em entrevista ao Blog de Jamildo, Josias Teófilo classificou seu filme como “urgente” e negou que seja inclinado ideologicamente à direita. “Isso não existe.

Os critérios políticos não se aplicam à arte. É como se perguntar se a ‘Nona Sinfonia’ (de Beethoven) é doce ou salgada”, afirmou.

Pelo Twitter, o cineasta havia defendido o uso de recursos públicos ou incentivos fiscais no cinema. “Eu acho que o grande problema são os editais, que julgam o mérito artístico dos projetos, e são compostos por gente de esquerda.

Nenhum filme meu poderia passar num edital, por exemplo, por causa dessa instrumentalização da cultura para fins políticos”, disse, na entrevista ao Blog de Jamildo.