O líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), divulgou, nesta terça-feira, que assinou o requerimento de criação de uma Comissão Parlamentar Inquérito (CPI) para apurar “a quebra do princípio da imparcialidade” por parte do ex-juiz Sergio Moro. “Mais um dia de divulgação de conteúdo por parte do site The Intercept reforça a conduta ilegal de integrantes da Operação Lava Jato, especialmente contra Lula”, alegou.

O líder do PT comentou a divulgação do áudio com a voz do procurador Deltan Dallagnol na tarde desta terça-feira. “Será muito difícil para ele e os demais envolvidos nos diálogos, agora, negarem qualquer envolvimento com o material divulgado.

Para aqueles que acham que aquelas ‘supostas’ revelações podem ser falsas ou alteradas, acabou de sair um áudio.

Podem levá-lo ao perito que quiser. É o procurador Deltan contando um segredo de que tinha conhecimento.

Era sobre a decisão do ministro do Supremo Luiz Fux de suspender a entrevista que Lula daria no processo eleitoral.

Deltan não só comunicou o segredo num grupo de procuradores como comemorou a decisão”, disse Humberto Costa.

O requerimento da CPI foi proposto pelo senador Fabiano Contarato (Rede-ES), que se apresenta como professor de direito, advogado e delegado por mais de 20 anos.

De acordo com o parlamentar, eleito com a bandeira em defesa da Lava Jato e da renovação política, os fatos demonstrados até aqui pelo site do Glenn Greenwald demonstram uma violação à democracia e ao Estado Democrático de Direito.

Contarato chegou a dizer a Moro, em audiência no Senado, que sairia preso das delegacias que comandou se tivesse adotado as mesmas práticas do ex-juiz. “É fundamental apurar o que está sendo divulgado pelos principais veículos de comunicação do Brasil e entender o momento estranho vivido pelo país, marcado por uma série de iniciativas suspeitas tomadas pelo governo Bolsonaro.

Há muitos eventos estranhos ocorrendo ao mesmo tempo, a começar pelo afastamento temporário do ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, e terminando com a demissão da assessora de imprensa dele, na tarde de hoje”. “É curioso ver um ministro que não tem nem seis meses no cargo pedir uma licença de cinco dias.

Me parece que ele está se afastando para não se comprometer com alguma ação autoritária contra a liberdade de imprensa que ainda esteja por vir.

Também é intrigante que o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), vinculado ao Ministério da Economia, não tenha respondido ao Tribunal de Contas da União (TCU) se está ou não realizando uma investigação contra o jornalista do The Intercept.

Estamos diante de uma intimidação inaceitável", criticou.