Os nomes de Sileno Guedes e Milton Coelho, ambos políticos e ambos oriundos do TCE, não são citados em público, mas alguns dos deputados estaduais dão claros sinais de que resistem contra alguns nomes ventilados internamente pelo PSB, para a vaga de conselheiro do TCE aberta com o falecimento do conselheiro João Henrique Carneiro Campos, na semana retrasada, em Gravatá. “Nomes com vida partidária ou que já disputaram mandatos eletivos, não passam no plenário, mesmo que sejam auditores concursados”, garante um parlamentar, sob reserva.
A questão parece ser tão consensual, na Assembleia, que já tem deputado da base governista falando em ON sobre o assunto.
O deputado Alberto Feitosa (SD), que já foi secretário nas gestões de Eduardo Campos e Geraldo Júlio, criticou as movimentações do PSB sobre a vaga no TCE, ao falar para a coluna de Renata Bezerra, na FolhaPE. “É extremamente preocupante numa democracia quando um grupo hegemônico quer se apoderar do Estado sem considerar o legislativo.
Essa discussão já existe na Casa”, apontou Feitosa.
As palavras de Feitosa encontram eco na Assembleia, nos bastidores. “Se for para nomear um político, mesmo que seja um auditor concursado, não aceitaremos.
Caso o indicado seja um político, mesmo que seja auditor, vamos preferir um deputado, cumprindo o acordo entre Eduardo e finado Guilherme de devolver aos deputados a vaga de Loreto”, diz outro deputado.
Os parlamentares rememoram um “suposto acordo” em 2007 entre o ex-governador Eduardo Campos e o falecido deputado Guilherme Uchôa, pelo qual uma vaga da Assembleia no TCE foi “emprestada” para Eduardo indicar seu então chefe de gabinete, Marcos Loreto, atual presidente do TCE.
Os deputados querem agora a “devolução” desta vaga. “Seria uma boa oportunidade, um gesto do governador de valorização à Casa, devolver essa vaga, indicando diretamente um deputado ou deixando que a gente resolva”, argumentou Feitosa, na coluna da FolhaPE.
A avaliação de Feitosa tem grande peso no meio político, pois recentemente ele conseguiu trinta votos no plenário da Assembleia, em uma PEC de sua autoria, contra a orientação do Palácio.
O parlamentar é considerado um dos que melhor sente o “termômetro” das relações entre Palácio e deputados, na atualidade.
De acordo com informações de bastidores, uma parte dos parlamentares, contudo, aponta que teriam menos “resistência” a Paulo Câmara (PSB) indicar um dos muitos secretários-auditores, que nunca tiveram tido vida partidária, nem disputaram eleições. “Mais fácil passar alguém de perfil estritamente técnico, mesmo que seja secretário de Paulo”, afirma um parlamentar.