Na semana em que a reforma da Previdência chega a um momento decisivo na Câmara do Deputados, o governador Paulo Câmara, do PSB, entrou na mira de mensagens sem assinatura nas redes sociais, por meio de vídeos com teor político.

O governador Paulo Câmara tem se pronunciado contra a reforma da Previdência na Câmara dos Deputados, enviada pelo governo Bolsonaro.

O material fabricado para as redes sociais é uma demonstração da antecipação das eleições municipais e estaduais no Recife e em Pernambuco em 2019 e 2020.

Paulo Câmara não poderá mais tentar um novo mandato de governador, mas a luta de poder pela capital pernambucana, nas mãos do PSB também, ajudam a explicar as caneladas nos bastidores.

Os vídeos com os ataques estão sendo repassados em grupos de Whatsapp neste semana, em que ocorre a principal votação da reforma da Previdência, na comissão especial da Câmara dos Deputados.

Em um deles, aparentemente produzido por grupos com inclinação bolsonarista, o governador do PSB é carimbado como populista, depois que é apresentado o valor dos impostos que são arrecadados em Pernambuco por ano, no valor de R$ 7 bilhões, em comparação aos R$ 11 bilhões que são repassados anualmente para o Estado de Pernambuco, com recursos da União. “São R$ 3 bilhões de diferença, assim é fácil ser populista”, descreve o texto.

Veja o vídeo “Vamos desmascarar este hipócrita”, pede, aos ouvintes, em um apelo final, dirigido a troca de mensagens entre amigos.

A crítica aberta e direta também cita os números já divulgados pelo Ministério da Fazenda. “O rombo da Previdência é de R$ 2,3 bilhões.

Pernambuco poderia economizar R$ 12 bilhões em 10 anos.

Os recursos poderiam gerar investimentos, empregos, mas Paulo Câmara não quer isto”, critica.

Os socialistas responderam na mesma moeda os ataques e colocam até um carimbo também. “Não caía na pilha de quem passa o dia no twitter fazendo confusão”, pedem, em referência ao presidente Bolsonaro.

Antes do arremate, em contraponto às críticas recebidas, os aliados socialistas apresentam Paulo Câmara como o governador que tirou a lata da cabeça de 500 mil pessoas e lançou o 13º salário do Bolsa Família.

Na área econômica, o vídeo-resposta cita a geração de 59 empreendimentos apenas em 2019.

Assista Os aliados socialistas citam que Paulo Câmara desenvolveu a melhor educação do Brasil e também criou o maior programa de alfabetização dos últimos anos.

Na área social, em uma referência ao Pacto pela Vida, o texto cita a maior redução da violência no País.

O Palácio do Campo das Princesas informou que não comentaria os vídeos.

Carta dos governadores, no domingo, pode ter jogado mais lenha na fogueira.

Governadores defendem anulação de processos após conversas de Moro Os governadores do Nordeste divulgaram neste domingo (30) uma carta criticando as trocas de mensagens entre procuradores da força-tarefa da Lava Jato e o então juiz Sérgio Moro, hoje ministro da Justiça e Segurança Pública.

No texto, os gestores reivindicam a investigação do caso. “É preciso também avaliar o afastamento dos envolvidos.

Defendemos, ainda, a revisão ou anulação de todo e qualquer julgamento realizado fora da legalidade”, afirmam.

Os governadores também pedem a conclusão da votação do projeto de lei sobre abuso de autoridade.

O Senado Federal aprovou a proposta na última quarta-feira (26) e ela volta para a Câmara dos Deputados.

O texto foi apresentado pelo Ministério Público Federal (MPF) há três anos, mas passou por alterações e agora prevê, por exemplo, a criminalização a conduta de magistrados que de atuar com motivação político-partidária. “As conversas anormais configuram um flagrante desrespeito às leis, como se os fins justificassem os meios”, diz a carta dos governadores do Nordeste. “Não se trata de pequenos erros; são vidas de seres humanos e suas histórias que se revelam alteradas em julgamentos fora das regras constitucionais, legais e éticas.

Todos sabem que um juiz deve ser imparcial e por isso não pode se juntar com uma das partes para prejudicar a outra parte.

Acreditamos que a defesa da real imparcialidade dos juízes é um tema de alto interesse inclusive para eles próprios”.

Apesar da crítica à condução da Lava Jato, os governadores afirmam que têm confiança na “imensa maioria” dos magistrados e membros do Ministério Público. “Apoiamos firmemente o combate à corrupção, porém consideramos que também é uma forma de corrupção conduzir processos jurídicos desrespeitando deliberadamente a lei”, diz o texto.

A carta cita conversas divulgadas que apontam que o chefe da força-tarefa da Lava Jato, Deltan Dallagnol, teria defendido a necessidade de acelerar ações contra o senador Jaques Wagner (PT-BA), em 2018, quando ele foi eleito. “Acho que se tivermos coisa pra denúncia, vale outra BA até, por questão simbólica”, afirma o procurador em mensagem a colegas obtida pelo site The Intercept e divulgada pela jornalista Mônica Bérgamo, na Folha de S.

Paulo. “Ou seja, ao lixo o direito”, afirmam os governadores do Nordeste. “É inadmissível uma atuação que se denuncia ilegal entre membros do Ministério Público e do Judiciário, combinando previamente passos de uma importante investigação, com o intuito de perseguir e prender pessoas”.