Por José Araújo, em artigo enviado ao Blog de Jamildo Acabei de ler o livro Raspútin (conforme grafado), escrito por Douglas Smith.

Uma das dezenas de biografias elaboradas sobre uma das mais controversas figuras da história da Rússia.

Ao fim, continuei na dúvida: foi Raspútin um santo ou não passou de um enganador, embusteiro? É verdade que vindo da classe dos camponeses galgou uma posição de enorme influência junto à família imperial russa, em especial com a czarina Alexandra. É verdade também que os filhos da realeza tinham admiração pelo dito “monge”, embora este nunca tenha frequentado qualquer seminário teológico.

Ainda é fato que Raspútin influenciou a Igreja Ortodoxa russa, indicou ministros para o governo e fez com que outros fossem demitidos.

Teve inúmeros admiradores e, ao mesmo tempo, muitos o odiavam.

As suas virtudes como milagreiro, principalmente junto à czarina, eram minimizadas por seus oponentes, que o acusavam de beberrão, mulherengo, imoral, fanfarrão, embusteiro, entre outras acusações.

Por sua proximidade junto à czarina foi acusado, injustamente, de ser pai do único filho homem do czar, o príncipe Alexei.

Não eram poucas as insinuações de que era amante da czarina e até mesmo de suas filhas.

A performance sexual de Raspútin foi contada em prosa, verso e cartazes.

De outra parte, era admirado pela grande massa de camponeses seja por suas explícitas convicções religiosas, sempre pregando a misericórdia e a fé em Deus, atendendo pedidos de oração, aconselhando pessoas desassistidas, seja pela efetiva distribuição de dinheiro aos mais necessitados.

Sua defesa intransigente da Igreja Ortodoxa o levou a inúmeras disputas, que de igual modo angariou adeptos e inimigos. É de ressaltar que seus maiores detratores pertenciam à classe da realeza, uma vez que não admitia um camponês nos corredores da família imperial, local reservado aos nobres por natureza ou vontade de Deus.

Raspútin era assim indesejado ou usurpador da proximidade do czar, considerando uma exclusividade que a nobreza exigia para si.

A história registra que Raspútin foi assassinado por componentes da nobreza, ligados por laços de família ao próprio czar.

Ninguém foi condenado e, o assassino confesso (com dúvidas sobre sua versão dos fatos) o príncipe Iussúpov, que inicialmente negava qualquer participação no ato, foi homenageado por grande parte da classe imperial, não teve qualquer restrição á sua conduta e, posteriormente, ganhou bastante dinheiro vendendo sua versão para livros, filmes e conferências no exterior.

Marx escreveu que a história de repete como farsa.

O Brasil teve um Presidente que originou-se na classe operária, foi e é, odiado por parcela significativa das classes mais favorecidas nacionais, explicitado através da farta distribuição de conceitos absurdos sobre seus seguidores, como devotos de uma prática dissoluta, corrupta e imoral.

Em tudo semelhante as acusações contra o “monge” Raspútin.

Coincidentemente há também a assertiva, muito comum no nazismo, na qual uma mentira contada repetidas vezes torna-se verdade.

Quando a versão supera o fato, vende-se a versão.

E a farsa culmina com o surgimento de um “príncipe”, na figura de um juiz, para se contrapor às práticas corruptas, que por atos os quais geram dúvidas quanto ao cumprimento fiel dos princípios democráticos, julga, condena e manda prender o ex-presidente.

Muito provavelmente, para manter a farsa da repetição histórica, não será condenado.

Poderá obter ganhos futuros externando suas experiências, como “arauto do bem”.

José Araújo é engenheiro aposentado da Chesf