Confira a coluna semanal do jurista na edição desta sexta-feira (21) do Jornal do Commercio O Senado, nessa terça, vetou o Decreto das Armas.
Vetar o porte?, maravilha.
Sou a favor.
Mas vetaram, também, a posse.
Pergunto só se a voz do povo não conta.
Houve Plebiscito, em 23.10.2005, para decidir se “O comércio de armas de fogo e munição deve ser proibido no Brasil”.
A campanha eleitoral esclarecia que se tratava só de “Posse”.
Em vez de “Porte”.
Resultado, 63,94% responderam “Não”.
A favor de se poder ter armas em casa.
Mas os Senadores esquecem o que decidimos.
Não está certo.
Plebiscito é coisa séria, senhores.
Segundo Bobbio (Dicionário de Política), em reconstituição do passado, “na antiga Roma era uma deliberação da plebe convocada por Tribuno”.
E, hoje, “um instrumento da democracia direta”.
A ser valorizado.
Não só esse.
Também outros Plebiscitos ainda estão bem presentes em nossa memória.
República.
Em 21.04.1993, o povo votou a favor da República.
Foram 86,6%.
Contra a volta da Monarquia.
Sem movimentações congressuais, até agora, neste sentido.
Ainda bem.
P.S.
Soubessem haver um tipo diferente de Monarquia, não por “sangue (estirpe)”, mas por “eleição vitalícia” (como a do Vaticano), e muitos iriam às ruas defender “Lula Rei”.
Ou “Bolsonaro Rei”.
Deus nos proteja.
Presidencialismo.
Foram dois plebiscitos.
Ambos decididos contra o Parlamentarismo.
O primeiro, em 06.01.1963, com 82% dos votos.
E o segundo, em 21.04.1993, com 69,2%.
Nos dois casos indicando, claramente, que não queremos Deputados e Senadores escolhendo quem vai dirigir o país.
Exigimos ter nós mesmos, povo, esse direito.
Até para errar.
Quatro anos atrás, houvesse Parlamentarismo, e Primeiro Ministro seria Eduardo Cunha.
Ou Renan Calheiros.
Queremos isso?
Ocorre que nosso Congresso anda indócil.
No desejo voraz de voltar a ter Ministérios.
Para nomear apadrinhados.
Ou fazer, com as milionárias verbas disponíveis, o que quiserem.
Até o que não devem.
O Presidente da Câmara teve mesmo coragem para dizer que “É cedo para discutir o Parlamentarismo”.
Cedo, como?
Discutir, como?
Será que o Congresso está mesmo admitindo implantar o Parlamentarismo?
Contra o povo?
Por duas vezes já foi dito que não o queremos.
E vão decidir, agora, sem nos ouvir?
Perdão, senhores.
Mas iniciativas assim, de evidente desrespeito à voz do povo, são, no plano político, um erro indesculpável.
E, no plano ético, uma enorme indecência.