O general da reserva Santos Cruz — que comandava a Secretaria de Governo da Presidência da República até a última semana — será entrevistado durante o 14º Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo, promovido pela Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo), de 27 a 29 de junho de 2019, no campus Vila Olímpia da Universidade Anhembi Morumbi, em São Paulo.
A entrevista será feita no dia 27, com início às 9h, por Julia Duailibi, comentarista de política e economia da GloboNews, e por Daniel Bramatti, presidente da Abraji e editor do Estadão Dados e do Estadão Verifica.
Ao final, a plateia poderá fazer perguntas ao general, com a moderação da equipe da Abraji.
O vice-presidente Hamilton Mourão, que seria entrevistado nessa data, cancelou sua participação no evento.
Nesta semana que passou, o ministro Sérgio Moro também já havia anunciado que não iria mais participar do evento, para palestrar, depois que fez críticas ao jornalista do Intercept, na visita que fez ao Senado.
A entidade havia divulgado uma nota defendendo o jornalista do site internacional.
Santos Cruz deixou o governo na semana passada e nesta semana deu uma entrevista reclamando que o governo Bolsonaro empinava muita besteira.
A frase foi lida como uma crítica ao filósofo e guro da família Bolsonaro Olavo de Carvalho.
Nesta sexta, pelas redes sociais, Olavo de Carvalho ironizou a “grande mídia”, como que referindo-se ao militar afastado.
Sobre o general Carlos Alberto dos Santos Cruz Carlos Alberto dos Santos Cruz nasceu em 1 de junho de 1952, na cidade de Rio Grande (RS).
Ficou órfão durante a infância: perdeu o pai aos 3 meses e a mãe aos 5 anos.
Iniciou a carreira militar aos 15 anos na Escola Preparatória de Cadetes do Exército, em Campinas (SP).
Formou-se em 1970 e ingressou na Academia Militar das Agulhas Negras, instituição da qual viria a ser comandante entre 1983 e 1984.
Em 1987, foi promovido a major.
Após cursar a Escola de Comando e Estado-Maior do Exército, subiu para o posto de tenente-coronel em 1992.
Entre 2001 e 2003, já como coronel, foi adido militar na Embaixada do Brasil em Moscou, na Rússia.
Entre janeiro de 2007 e abril de 2009, foi comandante de 12 mil militares na missão de paz no Haiti.
De volta ao Brasil, comandou a 2ª Divisão de Exército e foi subcomandante do Comando de Operações Terrestres.
Em 2012, passou para a reserva.
No primeiro mandato de Dilma Rousseff, integrou a assessoria da Secretaria de Assuntos Estratégicos, comandada por Moreira Franco, por um breve período.
Em abril de 2013, foi escolhido pela Organização das Nações Unidas (ONU) para substituir o tenente-general indiano Chander Prakash Wadhwa no comando da missão de paz na República Democrática do Congo.
Em junho de 2013, voltou à ativa para ocupar o cargo e comandou cerca de 23 mil militares até dez.2015.
A rede de TV árabe Al Jazeera produziu um documentário sobre a atuação de Santos Cruz na missão chamado Congo and the General (O Congo e o General).
Durante o governo Temer, entre abril de 2017 e junho de 2018, acumulou os cargos de chefe da Secretaria Nacional de Segurança Pública e secretário executivo do Ministério da Segurança Pública.
Deixou a gestão para participar da campanha de Jair Bolsonaro à Presidência.
Em novembro de 2018, após a eleição de Bolsonaro, Santos Cruz foi anunciado como ministro-chefe da Secretaria de Governo, responsável pela comunicação do Planalto e pelo Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), além de exercer papel importante na articulação com o Legislativo.
Desde abril deste ano Santos Cruz enfrentava embates com a ‘ala olavista’ do governo.
O general demonstrou ressalvas às estratégias usadas por apoiadores de Jair Bolsonaro em redes sociais e foi duramente criticado por Olavo de Carvalho e Carlos Bolsonaro, filho do presidente e vereador pelo Rio de Janeiro.
Houve também discordâncias entre o general e o presidente em relação a uma campanha de publicidade do Banco do Brasil, cujo tema era diversidade.
Por determinação do Planalto, o comercial de 30 segundos foi tirado do ar sob a justificativa de “respeito à família".
Santos Cruz se opôs à decisão de Bolsonaro e afirmou que a Secom, sob seu comando, não poderia interferir na publicidade de estatais, por determinação da Lei das Estatais.
Em 14 de junho último, o militar da reserva tornou-se o terceiro ministro a deixar o governo em seis meses de gestão.
Foi substituído pelo general Luiz Ramos Baptista Pereira, atual chefe do Comando Militar do Sudeste.
Brasília - O secretário nacional de Segurança Pública, general Carlos Alberto Santos Cruz, durante reunião com secretários de Segurança Pública dos estados (Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)