Nada que já não se soubesse, depois do Relatório do Banco Mundial.
Universidades ajudam a perpetuar desigualdades sociais no Brasil.
No entanto, o IBGE divulgou levantamento da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Contínua (PNADC), que mostra um retrato da educação no país em 2018.
De acordo com o relatório, apesar de o país ter avançado, a desigualdade ainda persiste.
Brasil precisa ser mais eficiente nos gastos com educação, diz Banco Mundial Com base nos dados, o economista Daniel Duque constatou que a população brasileira está cada vez mais escolarizada.
Entretanto, ele aponta que se verifica ainda desigualdade de classe e entre os estudantes do ensino público e privado. “Esse levantamento mostra que, apesar de avanços, a educação superior pública brasileira ainda está longe de ser inclusiva.
Há um esgotamento da melhora via lei de cotas e uma redução da presença de jovens de classe social mais baixa pleiteando uma vaga na universidade pública, devido ao mercado de trabalho ainda fragilizado e a necessidade de procurar um emprego”, afirmou Duque.
Ele é pesquisador da área de Economia Aplicada do FGV IBRE.
No ano passado, de cada 100 brasileiros adultos, 17 tinham ensino superior – um aumento em relação a 2016, quando eram apenas 15.
O principal destino dos alunos de nível superior ainda é a universidade privada.
Outra boa notícia é que as universidades públicas já são consideravelmente inclusivas: cerca de 74% dos alunos destas instituições vieram de escolas públicas, em 2018.
No entanto, os dados mostram que, entre 2017 e 2018, não houve avanços na inclusão. “Os dados apontam para uma estagnação da questão da inclusão de estudantes de ensino médio público nas universidades públicas, o que não necessariamente vai melhorar”, destacou.
Ainda sobre o impacto da renda no mercado de trabalho, Duque apontou que resolver a questão é um dos desafios do país, ao reforçar que há ainda muita desigualdade ligada à segmentação da educação no Brasil, e que parece estar piorando.
Formados em universidades públicas e no ensino médio privado ganhavam cerca de 140%, em 2018, a mais do que aqueles que tinham se formado em universidades privadas e no ensino médio público.
Em 2016, essa diferença era pouco menos de 114%. “Os dados indicam que o mercado de trabalho tem aumentado sua concentração de renda em linha com tal segmentação.
Apesar das cotas, ex alunos de ensino médio privado ainda são maioria entre os que se formam em cursos mais competitivos, como medicina e engenharia”, afirmou Duque.