“Sensacionalismo”.

Foi a palavra usada pelo ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, em diversas respostas aos senadores em audiência da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), nesta quarta-feira (15).

Moro foi à Casa para responder questionamentos dos parlamentares sobre mensagens vazadas e atribuídas a ele, quando era juiz federal à frente do julgamento de processos da Operação Lava Jato.

As conversas vêm sendo divulgadas desde a semana passada pelo site The Intercept.

Em mais de oito horas de audiência, Moro negou irregularidades e reafirmou que não pode atestar que as mensagens não foram adulteradas. “Ainda que aquelas mensagem sejam autênticas, o que não estou afirmando, o conteúdo é absolutamente trivial”, afirmou, em resposta ao senador Lasier Martins (PSD-RS).

Sergio Moro (Foto: Pedro França/Agência Senado) - Sergio Moro (Foto: Pedro França/Agência Senado) Foto: Pedro França/Agência Senado - Foto: Pedro França/Agência Senado Foto: Pedro França/Agência Senado - Foto: Pedro França/Agência Senado Mas a principal estratégia de Moro foi apontar “sensacionalismo” nas publicações do The Intercept. “Que há uma divulgação sensacionalista, muitas vezes dissociada ao conteúdo, isso resta para lá de evidente, o que coloca em dúvida.

Que apresente a uma autoridade independente, lá no Supremo Tribunal Federal.

Vamos ver o que tem e não esse sensacionalismo de, vamos dizer assim, ‘vou divulgar em um ano, todo dia’.

Acho que desmoraliza o jornal”.

LEIA TAMBÉM » Moro cobra divulgação de todo o arquivo de mensagens pelo The Intercept » Apoiadores levam ‘super-Moro’ ao Senado » No Senado, Moro destaca ataque organizado por ‘grupo criminoso’ em conversas » ‘Tenha a humildade de pedir demissão’, diz Humberto a Moro Em diversos momentos, Moro voltou a criticar o que chamou de sensacionalismo do site.

Para ele, o The Intercept, fez “especulação, estardalhaço” e considerou que o objetivo pode ser de atingir as investigações contra a corrupção. “A minha avaliação é de que na divulgação inicial houve um sensacionalismo exacerbado e algumas pessoas na leitura embarcaram na tese do conluio”, afirmou em resposta a Renan Calheiros (MDB-AL).

O emedebista afirmou que aquela poderia ser uma “preliminar” para a sabatina caso Moro seja indicado ao Supremo Tribunal Federal (STF) por Jair Bolsonaro (PSL). “Essa história de vaga no Supremo é uma fantasia.

Ele nunca me prometeu e eu nunca apresentei condição.

Tem que ser discutido lá na frente, não sei se vou querer, não sei se ele vai me oferecer”, disse Moro em réplica a Flávio Bolsonaro (PSL-RJ). » Na CCJ com Moro, Renan brinca com Major Olímpio e Joice Hasselmann » Na CCJ, FBC sai em defesa de Moro: ‘vítima de graves crimes’ » Moro diz que pensava que ‘revanchismo’ acabaria quando assumiu ministério » Deputados do PSB querem que Câmara sugira a Bolsonaro demissão de Moro Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil A senadora Juíza Selma usou seu tempo para elogiar Moro. “Onde está o comprometimento da imparcialidade? É zero”, enfatizou o ministro.

Ao contrário da oposição, que indagou Moro sobre as mensagens e a sua atuação na Operação Lava Jato, outros parlamentares tentaram blindá-lo. “Estamos aqui hoje para lhe aplaudir.

Por isso o povo foi as ruas e elegeu Bolsonaro”, disse Luiz Carlos Heinze (PP-RS), que se emocionou enquanto elogiava Moro.

Para Moro, o fato mais grave não seria o conteúdo das mensagens, mas o acesso a elas, afirmando que aconteceu de forma criminosa.

O ministro afirmou ainda que há uma “falta de compreensão das relações nesses processos mais complexos entre juiz, procuradores e policiais”. » Ethos se posiciona a respeito das denúncias acerca da Operação Lava Jato » ‘Publiquem tudo se quiserem’, diz Moro sobre conversas vazadas » Novo vazamento sugere que Moro teria orientado MPF após depoimento de Lula » ‘Da doutora Raquel Dodge não se ouviu a voz’, diz procurador sobre vazamentos No seu tempo de fala, o filho mais velho do presidente Jair Bolsonaro (PSL), Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), chegou a citar informações divulgadas em um perfil apócrifo criado no Twitter, de que supostamente teria havido um pagamento a um russo pelas informações das mensagens, o que não foi confirmado.

A página na rede social foi excluída posteriormente. “Isso pode ser fake news, contrainteligência, ter respaldo. É muito prematuro dizer”, respondeu Moro.

Foto: Geraldo Magela/Agência Senado Segundo inscrito para falar na audiência, o líder do governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), saiu em defesa do ex-juiz e elogiou o trabalho de Moro na magistratura e na pasta comandada por ele.

O parlamentar apontou a “notória experiencia” e “trabalho no combate à corrupção”.

O pernambucano é alvo de investigação da Operação Lava Jato no STF e teria tido a indicação para a liderança do governo contestada por Moro.

Foto: Gabriel Matos/Senado Federal O líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), criticou Moro. “Tenha a humildade de pedir demissão e segundo pedir desculpas ao povo brasileiro, inclusive, por ter cassado o voto de milhões de barreleiros para eleger outro presidente da República que não esse”, disse o petista na sua fala na audiência.

Moro, o senhor enganou milhões de brasileiros.

Peça desculpas e tenha a humildade de pedir demissão, pois não cabe a uma pessoa com todas essas acusações graves ser chefe da Polícia Federal. pic.twitter.com/9cqkqewWuk — Humberto Costa (@senadorhumberto) 19 de junho de 2019 ‘Super-Moro’ Enquanto Moro prestava esclarecimento aos senadores, apoiadores inflaram em frente ao Senado um boneco que retrata o ministro como super-herói.

Na estrutura, havia as inscrições “herói brasileiro” e “em Moro nós confiamos”.

Foto: Leopoldo Silva/Agência Senado - Foto: Leopoldo Silva/Agência Senado Foto: Leopoldo Silva/Agência Senado - Foto: Leopoldo Silva/Agência Senado Foto: Leopoldo Silva/Agência Senado - Foto: Leopoldo Silva/Agência Senado Foto: Leopoldo Silva/Agência Senado - Foto: Leopoldo Silva/Agência Senado Foto: Leopoldo Silva/Agência Senado - Foto: Leopoldo Silva/Agência Senado Foto: Leopoldo Silva/Agência Senado - Foto: Leopoldo Silva/Agência Senado Mais audiências A CCJ do Senado ainda vai ouvir o procurador Deltan Dallagnol.

Além disso, a Comissão de Comunicação marcou para o dia 1º de julho uma audiência para a qual foi convidado o jornalista Glenn Greenwald.

As comissões de Trabalho, Administração e Serviço Público e de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados aprovaram dois convites a Moro.

Como não se trata de uma convocação, ele não é obrigado por lei a comparecer.

Veja como foi a audiência da CCJ do Senado com Sérgio Moro