O deputado federal Danilo Cabral protocolou um requerimento de convocação do ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, para esclarecer sobre a instalação de uma usina nuclear em Itacuruba, no Sertão de Pernambuco.
Desde a gestão Eduardo Campos já se sabe que a Eletronuclear estuda o sítio como a melhor opção no Nordeste, devido a proximidade com o São Francisco.
Socialistas esquecem Eduardo Campos e agora são contra usina nuclear em Itacuruba O documento foi protocolado na Comissão de Integração Nacional, Desenvolvimento Regional e da Amazônia (Cindra) e deverá ser votado na semana que vem.
O parlamentar pernambucano justifica que os rumores de construção da usina precisam ser esclarecidos para a população, visto que ainda não houve nenhuma consulta às comunidades afetadas por essa medida. “A instalação da usina nuclear possui uma localização próxima ao Rio São Francisco, e isso também acaba gerando grande preocupação para a população, devido ao risco de vazamento de material radioativo, além de inúmeras outras consequências, como a diminuição dos peixes do rio; proliferação de doenças; aumento do preço dos produtos e até eventuais alterações do clima”, disse Danilo Cabral.
LEIA TAMBÉM » A expansão da geração elétrica passa pela energia nuclear » Energia renováveis e nuclear serão debatidas no Recife » Energia solar ao alcance de todos Outro ponto defendido por Danilo Cabral é que a legislação estadual proíbe a instalação de uma usina atômica em Pernambuco. “De acordo com o Artigo 216 da Constituição Estadual, no capítulo que versa sobre a proteção ao meio ambiente, está proibida a instalação de usinas nucleares no estado enquanto não se esgotar toda a capacidade de produzir energia hidrelétrica e de outras fontes.
Ao grave risco ambiental soma-se o questionamento sobre a real necessidade de exploração desse tipo de energia em um estado com enorme potencial de exploração da energia solar, hidroelétrica e eólica”, informou.
ESPECIAL » Nordeste renovável “O Brasil possui mais de 15 mil megawatts de potência instalada de outras usinas e as duas usinas nucleares de Angra representam apenas 1,1% de tudo isso.
Isso demonstra que o potencial energético de usinas nucleares é irrisório em comparação com outras modalidades de captação de energia.
Esperamos que o ministro possa esclarecer e explicar sobre a construção da usina para toda população, especialmente para os pernambucanos, que são os mais afetados”, disse o parlamentar.
A próxima reunião da Comissão está marcada para a próxima quarta-feira (26).
RELEMBRE » Eduardo tentou dividir usina nuclear com baianos, mas Eletronuclear não permite » Lobão confirma usina nuclear em Itacuruba.
Eduardo Campos vence queda de braço com Jacques Wagner, da Bahia » Edilson Silva diz que Eduardo Campos mente sobre usinas nucleares Foto: Cleia Viana/Câmara dos Deputados Daniel Coelho fala em retrocesso Diante da retomada do debate e o interesse de empresas na instalação de uma usina nuclear em Itacuruba, sertão pernambucano, o deputado federal Daniel Coelho (Cidadania) solicitou à Comissão de Meio Ambiente e Sustentabilidade da Câmara dos Deputados que estude a possibilidade de criar um grupo de trabalho para acompanhar o caso.
Na visão do parlamentar, a volta desse debate é um retrocesso que precisa ser acompanhado com atenção. “Nós estamos atentos ao que ocorre no Estado de Pernambuco e, se for necessário, gostaria de solicitar que fosse criado um grupo de trabalho, uma comissão para acompanhar esse debate sobre a energia nuclear no Estado de Pernambuco”, disse, em discurso na terça-feira.
Em 2011, quando havia um forte debate a respeito do mesmo tema, Daniel Coelho - à época, deputado estadual - criticava afirmando ‘riscos ambientais’ e para a população que o empreendimento poderia causar. “Em 2001, esse debate foi interrompido quando houve o vazamento da usina nuclear no Japão, em Fukushima.
Aquilo trouxe quase que um consenso à sociedade pernambucana sobre os efeitos e o perigo que nós temos para o meio ambiente e para a saúde da população, na instalação de uma usina nuclear no sertão do nosso Estado”, destacou.
Com o retorno do debate, Daniel espera que haja mobilização da sociedade. “Mais uma vez, as pastorais no interior, a Igreja Católica, os movimentos ambientalistas estão preocupados.
A gente sabe, inclusive, que os efeitos e os riscos que uma usina nuclear traz também a Estados vizinhos. É extremamente preocupante”, disse.
De acordo com o líder do Cidadania, Pernambuco tem avançado no uso de energia limpa e não há porque retroceder neste sentido. “O que a gente espera é que, como aconteceu em 2011, haja bom senso também agora.
Pernambuco e o povo não querem uma usina nuclear em nosso Estado.
Nós temos um avanço na energia solar, na energia eólica, Pernambuco tem avançado neste sentido ao longo dos últimos anos e nós temos que apostar na produção de energia limpa e segura para a população e não num retrocesso e na volta da energia nuclear”, afirmou.